//Dívidas das farmácias ascendem a perto de 100 milhões por mês

Dívidas das farmácias ascendem a perto de 100 milhões por mês

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A dívida das farmácias aos distribuidores “ronda os 90, 100 milhões de euros mensais”, afirma Tiago Galvão, diretor da Associação de Distribuidores Farmacêuticos.

Segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira, o valor das dívidas dificilmente recuperáveis tem vindo a diminuir de forma significativa nos últimos três anos, mas ainda se mantém em mais do dobro do valor de 2012.

No total, o montante destas dívidas acumuladas e dificilmente recuperáveis é de mais de 80 milhões de euros, segundo o mesmo estudo encomendado por aquela associação.

O pico deste tipo de dívidas (ou imparidades) aconteceu em 2014, ano em que as farmácias deviam aos distribuidores 107,9 milhões de euros.

“Não há, atualmente, imparidades novas, mas há um passado que não está totalmente resolvido”, afirmou Diogo Gouveia, presidente da Associação de Distribuidores Farmacêuticos, à agência Lusa.

Convidado do programa As Três da Manhã, Tiago Galvão, diretor da mesma associação, defende que o problema das dívidas “advém, não das farmácias, mas de todo o setor”.

“Esta crise, que decorre desde 2010 até hoje, afetou todos os intervenientes da cadeia e quando alguém, no fim ou no início da cadeia, tem problemas, toda a cadeia sofre”, explica.

Por isso, e apesar de “a distribuição em Portugal ser altamente eficiente – e uma referência ao nível europeu” – é fundamental que “todos nós olhemos para este fenómeno económico-financeiro e o ataquemos em conjunto”.

Cinco voltas ao mundo para distribuir medicamentos

Em Portugal, os distribuidores farmacêuticos percorrem, por dia, o equivalente a cinco voltas ao mundo para entregarem os medicamentos que fazem falta nas farmácias. Todos os dias, realizam mais de 11 mil entregas, em todas as regiões do país.

“Sim, a distribuição consegue garantir que os medicamentos chegam às farmácias – e estamos a falar de 2.900 farmácias pelo país inteiro”, confirma Tiago Galvão.

Ainda assim, as pessoas queixam-se que cada vez faltam mais medicamentos nas farmácias.

“Por vezes, por razões externas ou por razões mais económico-financeiras ou ainda por via de alguma globalização da própria produção, existe um fenómeno que se chama ‘shortage’, em que a procura é maior do que a oferta”. Nesses casos, “os distribuidores deparam-se com algumas complicações para ter todos os medicamentos à hora certa” nas farmácias, explica o diretor da Associação de Distribuidores Farmacêuticos.

E “não é uma questão de faltarem na zona A ou na zona B. A questão é na produção: muitas vezes há complicação na chegada dos medicamentos aos nossos centros de distribuição”, acrescenta na Renascença.

Segundo o mesmo estudo, encomendado à consultora Deloitte, o mercado dos medicamentos vendidos em farmácias sofreu uma redução de 640 milhões de euros numa década, o que corresponde a uma queda de quase 23%.

Após o período de maior contração do mercado, no período de crise económico-financeira, o mercado farmacêutico português cresceu entre 2014 e 2016 a uma taxa de 6% – ainda assim, a um ritmo inferior ao da média dos países da União Europeia, que foi de 9%.

Os dados indicam que a distribuição farmacêutica contribui com mais de 218 milhões para o PIB, sendo 144 milhões de impacto direto e 74 milhões de impacto indireto.

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