//Dois países africanos vão criar conselhos da diáspora inspirados em Portugal

Dois países africanos vão criar conselhos da diáspora inspirados em Portugal

Dois países africanos confirmaram que irão criar conselhos da diáspora como o que existe em Portugal, anunciou Durão Barroso, presidente do Eurafrican Forum, durante este evento promovido pelo Conselho da Diáspora Portuguesa, na passada quinta e sexta-feira, na Nova SBE, em Carcavelos.

O antigo primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia disse ainda que “África precisa de investimento” e que “temos de encontrar novas formas de atrair investimento de longo prazo para África, superando barreiras em termos de compliance [respeito pelo que está legislado]. Durão Barroso disse acreditar que “África poderá ser o maior mercado do mundo”.

Já Filipe de Botton, presidente do Conselho da Diáspora Portuguesa, vê uma grande oportunidade na abertura e facilitação do comércio entre os dois continentes. “A visão é criar uma área de comércio livre entre a Europa e a África”, disse. O empresário acredita que essa união será possível fazer frente aos dois grandes blocos: China e Estados Unidos.

Botton adiantou que “em 2012, quando foi criado o Conselho da Diáspora Portuguesa, queríamos saber o que poderíamos fazer para trazer prosperidade a Portugal. A resposta foi: dar poder à diáspora. A nossa missão hoje é motivar os países africanos a criar o seu próprio Conselho da Diáspora”.

Para Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais, “conectar a Europa e África não é uma opção, mas uma obrigação”. O autarca defendeu ainda que “temos uma ligação a África: estamos unidos pelo sangue, pelo sentimento e pela língua, no caso de Portugal, bem como pelo Atlântico”. “Diz-se que este é o século de África e talvez o da Europa, mas porque não o século de Portugal com a África?”, questionou.

Presente nesta iniciativa esteve o Presidente da República de Moçambique, que pediu casas para a população afetada pelas recentes catástrofes naturais que assolaram o país. Filipe Nyusi foi direto e disse “precisamos de acomodação”. “Não precisamos muito de comida, mas mais da semente. O pescador precisa de anzol, não precisa do peixe”.

O evento contou com o Alto Patrocínio da Presidência da República, e Marcelo Rebelo de Sousa não faltou. O Presidente afirmou que “há hoje uma expectativa em relação ao novo ciclo em Moçambique. As empresas portuguesas estão muito empenhadas no investimento em Moçambique – mar, energia, turismo, infraestruturas”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português sublinhou que a Europa tem um problema de défice demográfico e África vai triplicar a sua população ao longo deste século. “Há uma complementaridade demográfica entre Europa e África”, concluiu Augusto Santos Silva. Mas esta relação, defendeu, “apenas pode ser ativada através de migrações reguladas, seguras e regulares”. Como deve ser a relação da Europa com África? Deverá ser uma relação “o menos assimétrica possível, mais de investimento do que de ajuda”.

António Vitorino, o diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), disse que “as migrações podem contribuir para o desenvolvimento dos países de origem e destino”. E defendeu que “a política de migrações é prioritária para a União Africana: 80% dos africanos que migram fazem-no dentro dos países africanos. Para fora de África vão 20%, principalmente para a Europa”.

António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, deixou uma mensagem de vídeo, destacando o contributo dos migrantes, que “podem trazer benefícios para os países de origem e de destino”. Disse ainda que as Nações Unidas continuam a aprofundar parcerias e a trabalhar em conjunto com África que “poderá estar na liderança do investimento e da inovação”.

Koen Doens, da Direção-Geral da Cooperação e Desenvolvimento Internacional da Comissão Europeia, disse que “está a surgir um novo modelo de parceria entre Europa e África”. A colaboração baseia-se na partilha de valor e na construção da prosperidade. “O setor privado é hoje o ator principal em África”, reforçou.

Kim Kreilgaard, o responsável em Portugal pelo Banco Europeu de Investimento (BEI), explicou que Fundo Europeu de Investimento (FEI), detido pelo BEI, tem um programa dirigido a projetos em África para “financiar fundos de capital de risco” e ajudar a construir ecossistemas de capital de risco em África. “Queremos atrair investidores para criar as equipas certas e suportar as startups”.

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