//Dos cabos submarinos aos recursos humanos. Porque está Portugal na rota mundial dos centros de dados?

Dos cabos submarinos aos recursos humanos. Porque está Portugal na rota mundial dos centros de dados?

Para Elsa Veloso, advogada na área, a existência de cabos submarinos e de fibra ótica em Portugal torna-se ainda mais importante “no contexto atual de uma guerra [na Ucrânia] que se pode tornar rapidamente cibernética”. A especialista relembra que “há países em que o mundo ocidental não confia para armazenar os dados, como a Rússia” – e que, por isso, o histórico de alianças políticas de Portugal coloca o país nas rotas mundiais da nova “economia de dados”.

Alerta: aumentar cibersegurança

Apesar de Portugal ser considerado “um país seguro e pacífico” – e de isso ser positivo para os investidores –, Elsa Veloso defende que se têm de resolver “rapidamente” os problemas relacionados com a cibersegurança que explicam, por exemplo, os ataques informáticos que a Impresa e a Vodafone sofreram no início de 2022.

Rui Duro, responsável pela consultora informática CheckPoint Portugal, também considera que ainda há muito a fazer em Portugal no que toca à cibersegurança. Para o especialista, a prevenção dos ataques informáticos só tem um ponto de partida possível – a consciencialização dos riscos junto dos utilizadores.

“Muitas vezes, colocamos logo as mãos na tecnologia para estarmos seguros, mas não. É possível fazê-lo através da educação, de literacia junto de quem utiliza os sistemas – têm de conseguir diferenciar um email válido de um inválido, identificar possíveis de ameaça de phishing… E perceber, acima de tudo, que se vão a um site de forma gratuitas então é porque são elas o produto que está a ser vendido aos servidores”, explica.

Garantida a formação dos recursos humanos, Rui Duro sugere então que se definam processos de cibersegurança concretos no seio de casa empresa – como “definir claramente o que é informação crítica, confidencial e pública” – para depois se passar à compra de produtos informáticos que permitam criar uma barreira de segurança contra hackers. Ainda assim, o dirigente da Checkpoint alerta que “nem todos os sistemas de proteção são eficazes” – e, por vezes, o barato pode mesmo sair caro.

“Há carros que custam 20 mil euros e outros que custa um milhão. Se calhar um acelera mais rápido que o outro. Se calhar, os materiais são mais resistentes e duram mais. Na tecnologia, acontece exatamente a mesma coisa. Quem vende soluções mais baratas, provavelmente não está a vender soluções tão boas. Tem de haver essa preocupação: compra tecnologia que nos dá garantias de proteção e que se adapta ao nosso caso”, detalha.

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