//Dos insetos ao foie gras de laboratório. “Desafios que temos pela frente vão obrigar a alterar produção de alimentos e o que pomos na mesa”

Dos insetos ao foie gras de laboratório. “Desafios que temos pela frente vão obrigar a alterar produção de alimentos e o que pomos na mesa”

A Autoridade Alimentar tem algum parecer sobre novos produtos agrícolas à espera de uma decisão da Comissão Europeia?

Temos alguns milhares de candidaturas que chegam a toda a hora. Houve uma renovação do GMO há pouco tempo, uma reapreciação feita pela Comissão Europeia.

No entanto, a nova lei, que poderia realmente flexibilizar, facilitar a introdução no mercado de algumas dessas alterações, continua à espera de ser decidida em Bruxelas. Até lá, avaliaremos de acordo com a legislação em vigor.

Quando prevê que haja uma decisão sobre essa nova lei?

Tivemos eleições, estamos agora a preparar uma nova Comissão, tudo atrasou. Presumo que ao longo do ano de 2025 o tema volte à mesa. Acaba por ser uma decisão dos Estados-membros.

Com a crise ambiental, é inevitável a transformações da agricultura, com consequências na alimentação?

É o imparável caminho da inovação. As alterações climáticas e os desafios que temos à nossa frente não são uma fantasia e importa ser criativo e responsável em novas soluções. Há que experimentá-las, há que tentá-las, é preciso fazer isto de forma inclusiva.

É uma discussão que temos de ter com os cientistas, com os agentes políticos e com os agentes económicos, que precisam de financiar estas soluções, com os agricultores, que acabam por ser o motor, e com os consumidores, que no final de contas têm a última palavra.

Os desafios que temos pela frente vão obrigar a alterações de como produzimos os alimentos, de como consumimos e das escolhas que fazemos naquilo que pomos à mesa e naquilo que pomos na boca.

Na saúde, aumenta na Europa a preocupação com a obesidade. É visível nos alimentos que chegam para avaliações, em questões como os níveis de açúcar, por exemplo?

É um ótimo exemplo. A Autoridade Europeia já alertou para informação científica, às vezes um pouco desconectada, às vezes as relações causa-efeito não são tão fortes como se pensa, mas onde mostra que consumos de açúcares como o que acompanha o café estão ligados a alguns problemas de saúde – cardiovascular, obesidade.

Justifica-se em determinados produtos alertas sobre os efeitos nocivos do açúcar na saúde, como vemos no tabaco, por exemplo?

É uma decisão que se calhar compete a cada Estados-membro e à respectiva realidade. Pode não ser a forma mais correta, é preciso é que a informação chegue aos consumidores, que seja recomendada a redução máxima de consumo de açúcares livres nas dietas, porque não se encontra, cientificamente, nenhum benefício para a saúde no consumo deste tipo de açúcares.

As ameaças alimentares são frequentes?

Mesmo na União Europeia, onde temos provavelmente o mais avançado sistema de segurança alimentar do planeta, existem sempre situações onde bactérias aparecem na comida. Os famosos surtos acontecem todos os anos, e compete à autoridade reunir toda a informação dos Estados-membros e lançar um relatório anual onde mostramos quais foram as bactérias que apareceram, onde é que houve surtos, quem é que ficou doente, quem é que morreu. Aparece e é normal que apareça. O importante são as medidas de prevenção e vigilância.

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