O diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder, elogia a capacidade de diálogo e de estabelecer parcerias de Portugal.
Guy Ryder, que foi um dos oradores convidados no congresso anual da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), esta terça-feira em Lisboa, deu vários exemplos da boa prestação de Portugal.
“O meu patrão, o secretário geral das Nações Unidas é português, até o treinador do meu clube de futebol é português – precisamos de melhorar os resultados, por acaso -, e Portugal parece capaz de formar governos mais facilmente do que noutros países”, demonstrou Guy Ryder.
“Mas para lá disto, digo que este é o momento da liderança portuguesa, porque Portugal comprometeu-se em demonstrar que, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, o sucesso das políticas é o resultado das parcerias e do diálogo”, acrescentou.
Na sua intervenção, Guy Ryder defendeu ainda que a ascensão de nacionalismos e populismos em vários países tem as suas raízes nas frustrações dos cidadãos em relação às condições de trabalho.
“As legítimas expectativas de muitas pessoas que trabalham não estão a ter resposta, a desigualdade crescente traz raiva. Olhem hoje para Santiago do Chile, olhem para Beirute”, exemplificou.
“Mudanças rápidas trazem desorientação, por isso muitas pessoas olham para o futuro com maior apreensão do que esperança, duvidam da capacidade das instituições e dos actores públicos para encontraem soluções credíveis para as suas necessidades urgentes e as pessoas são tentadas a virarem-se para soluções alternativas enganosamente simples”, argumentou.
Citando dados de um relatório da OIT divulgado em janeiro, Guy Ryder lembrou que dois em cada 10 trabalhadores, em todo o mundo, vive na pobreza, apesar de ter emprego, e que há 25 milhões de pessoas vítimas de trabalho forçado.
Guy Ryder destacou ainda as mudanças que o mundo do trabalho está a sofrer, devido aos avanços tecnológicos, às mudanças demográficas e climáticas e à globalização, mas sublinhou que é preciso ter cuidado para não se cair na “armadilha” de ter medo que a chamada “quarta revolução industrial” destrua mais postos de trabalho do que os que está a criar.
“Nós podemos e devemos moldar o futuro [do mundo de trabalho] que todos queremos”, reiterou, acrescentando que nunca acreditou que os objetivos das corporações existam em contradição com as condições das pessoas que nelas trabalham.
Para o futuro, o responsável da OIT defendeu que é necessário investir no reforço da proteção social, nos empregos sustentáveis que contribuam para uma economia neutra em carbono e também nas leis e regulamentos que asseguram resultados acordados em sede de concertação social.
Para tal, defendeu que a OIT precisa de melhorar a resposta à realidade dos negócios, dando como exemplo a importância que o setor privado teve na recuperação da economia portuguesa, depois da crise que começou em 2008.
“Portugal demonstrou o sucesso de políticas que resultam de parcerias e diálogos. O exemplo de Portugal e os seus valores têm uma grande importância no mundo”, concluiu.
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