Diversificar é uma das leis de boa gestão de investimentos, por dar mais garantias de se alcançar lucros. Mas nas equipas de profissionais de investimento a diversidade, nomeadamente de género, está ausente na maioria dos casos.
Segundo um estudo do CFA Institute, a maior associação de profissionais de investimento do mundo, as mulheres representam menos de um em cada cinco detentores da reconhecida certificação de profissionais de investimento (Chartered Financial Analyst).
“Agora, no entanto, a cultura como uma vantagem competitiva é uma área crescente de interesse no setor de investimentos, e o assunto é uma preocupação cada vez maior para reguladores de empresas financeiras também”, afirma Rebecca Fender, responsável pela divisão Futuro das Finanças do CFA Institute. Adianta, contudo, que líderes de topo em toda a indústria admitem que têm dificuldades em atrair e reter profissionais do género feminino.
Poucas CEO
No estudo do CFA Institute, que resultou de um inquérito a nove mil membros da organização, ficou evidente a fraca presença de mulheres na indústria de investimentos. Além disso, poucas são as mulheres que ocupam cargos de relevo no setor. Apenas 9,8% ocupam o lugar de presidente executivo, enquanto 11% chegaram a administradoras financeiras. Ou seja, em cada dez CEO, administradores financeiros ou de investimentos, apenas um é mulher.
A maior presença de mulheres no setor revela-se nos cargos de analista de performance e analista de compliance, com percentagens de 30,7% e 28,1%, respetivamente. Assim, mesmo nestes cargos, a presença das mulheres é de apenas um terço dos trabalhadores. Segundo o mesmo estudo, em Portugal, as mulheres profissionais de investimento representam apenas 16,4% do total da população feminina no ativo no mercado laboral.
“As mulheres estão sub-representadas em todas as mais comuns funções de CFA”, conclui o estudo.
Um outro trabalho, da prestigiada escola de negócios HEC Paris e citado no Financial Times, demonstrou que as mulheres fazem melhores negócios e a sua presença em decisões de investimento gera mais lucros comparando com uma gestão 100% masculina. Equipas com pelo menos uma mulher geram mais 12% de retorno do investimento e 52 cêntimos por cada dólar investido do que equipas compostas só por homens.
Atrair e reter mulheres
Faz então sentido recrutar mulheres para o setor financeiro? Os estudos do HEC e do CFA mostram que sim. “As empresas do setor de investimentos têm tido uma desnecessária restrição em relação ao talento (das mulheres) e as que consigam realizar plenamente o potencial de todo o talento disponível terão vantagens no futuro”, diz o estudo do CFA Institute. Esse é um desafio que as organizações ligadas ao setor enfrentam. Pelo que o estudo deixa pistas às empresas que queiram mudar a cultura predominantemente masculina e aderir à de diversidade de género.
O primeiro é que comecem por se promover carreiras na área de investimentos nas universidades. É importante dar a conhecer a flexibilidade que já existe no setor e educar as empresas sobre a importância da flexibilidade para atrair mulheres. O estudo sublinha que, perante problemas complexos, equipas pouco diversas podem ficar presas e limitadas, já que têm tendência para pensar de igual modo. Diferentes perspetivas e valores podem trazer melhores soluções. E maiores lucros.
O CFA Institute abrange mais de 160 mil profissionais do setor de investimento em 145 países. A organização é conhecida por promover programas de certificação para profissionais de gestão de ativos e investimento equivalentes à pós-graduação. A mais popular é a CFA, reconhecida por reguladores e que consta de programas de mais 180 universidades em todo o mundo. A CFA Society Portugal é uma das 151 congéneres.
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