É preciso ter a certeza que EuroBic fez transferências irregulares, nem o supervisor ainda confirmou ilegalidades, alerta o presidente da Associação Portuguesa de Bancos.
Faria de Oliveira foi questionado, esta quinta-feira, sobre o caso Luanda Leaks e as transferências que passaram pelo banco português EuroBic.
À margem da Banking Summit, onde o governador do Banco de Portugal lembrou as responsabilidades dos bancos no combate ao financiamento do terrorismo e branqueamento de capitais, Faria de Oliveira sublinhou que esta é uma matéria ainda em investigação.
“Eu acho que é preciso dar tempo para ter a certeza que houve situações claras e evidentes de irregularidade. Até agora, aquilo que temos conhecimento em função das afirmações do Banco de Portugal é que o banco tomou as medidas que devia ter tomado. Em relação à legalidade das transferências temos que esperar que haja conclusões sobre isso”, afirma o presidente da Associação Portuguesa de Bancos.
O EuroBic, liderado pelo também antigo ministro das Finanças, tem como acionista Isabel dos Santos (com 42,5%), e já anunciou que cortou todas as relações comerciais com a empresária e que a sua participação no banco será vendida na sequência da divulgação dos Luanda Leaks.
A empresária angolana foi constituída arguida em Angola após a divulgação de alegados desvios de verbas da petrolífera estatal Sonangol.
O Banco de Portugal abriu uma investigação à transferência de 57,3 milhões de euros de uma conta do Sonangol no EuroBic para o Dubai.
A liderança de Teixeira dos Santos no EuroBic tem sido questionada por personalidades da vida política portuguesa como Ana Gomes ou Francisco Louçã.
Em entrevista à Renascença e ao jornal “Público”, o conselheiro de Estado e ex-coordenador do Bloco de Esquerda considerou ser “impossível que Teixeira dos Santos continue à frente do EuroBic“, depois das revelações do Luanda Leaks.
O presidente do EuroBic, Teixeira dos Santos, considera que a sua reputação não foi manchada por trabalhar num banco que tem como acionista Isabel dos Santos, na sequência dos Luanda Leaks.
“A engenheira Isabel dos Santos foi elogiada, muito venerada [no passado], e por isso eu creio que estar num banco em que ela é acionista não tem necessariamente de manchar a reputação de quem aqui tem procurado fazer um bom trabalho”, defendeu esta quinta-feira o ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos, em entrevista à RTP.
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