//“É uma vergonha”. Indignados com os preços, portugueses vão a Espanha abastecer

“É uma vergonha”. Indignados com os preços, portugueses vão a Espanha abastecer

“Quase não ganhamos para combustível”

Segundo este empresário da construção civil, “ao preço que os combustíveis estão no nosso país, quase não compensa trabalhar”.

“Quase não ganhamos para o combustível. Não sei o que vai acontecer”, lamenta.

Joaquim Ferreira vai com a família até Astorga e acabou de atestar com 50 euros de gasóleo, o que lhe permite fazer a viagem de ida e volta. Algo – diz – “não teria sido possível em Portugal, onde o gasóleo está, outra vez, quase a dois euros”.

Na sua visão, “o Governo português devia contentar-se com um bocadinho menos de impostos e pôr os olhos no que faz o país vizinho e baixar os preços dos combustíveis, porque o que se passa é uma vergonha”.

A Renascença comparou os preços em dois postos de combustíveis da mesma marca em Portugal e em Espanha e constatou uma diferença de 14 cêntimos no litro de gasolina e 14,5 no diesel. Em Portugal, o litro de gasolina simples está a 1,919 euros, e em Espanha a 1,779 euros. Já o litro de gasóleo em Portugal custa 1,794 euros, e em Espanha 1,649 euros.

É esta diferença de preços que leva os portugueses a abastecerem no país vizinho.

Neuza Gonçalves, funcionária do posto de combustíveis de Feces de Abajo, garante que “os portugueses nunca deixaram de abastecer, mas, nos últimos dias, nota-se uma maior afluência”.

“Com estas últimas subidas em Portugal, tem havido uma procura muito maior porque, de facto, compensa tanto no combustível como no gás”, diz.

A par dos combustíveis, o gás butano é outro dos produtos que regista uma grande procura. E percebe-se porquê. A mesma botija de gás butano, a mais utilizada para consumo doméstico, custa 19,00 euros, já do lado português, a garrafa é vendida a 32 euros, mais 13 euros do que em Espanha.

Neste posto de combustível, não são só os clientes portugueses que são em bem maior número que os espanhóis. Também os funcionários, num total de 13, são, na maioria, portugueses.

Depois da APETRO avisar que os combustíveis vão continuar a subir e defender o regresso do desconto no ISP, o movimento “Os Mesmos de Sempre a Pagar” também pede essa medida de volta.

Este movimento, que desde que começou a guerra organiza manifestações contra o aumento do custo de vida, lamenta que abastecer o carro esteja a voltar a ser muito caro.

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