A economia portuguesa cresceu 6,7% em 2022, a taxa mais elevada desde 1987, e 3,2% em termos homólogos no quarto trimestre do ano passado, informou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Nas contas nacionais trimestrais hoje publicadas, o instituto estatístico manteve a variação de crescimento de 6,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, divulgada em 31 de janeiro, que se situa uma décima abaixo da previsão do Governo: No final de dezembro, o ministro das Finanças, Fernando Medina, tinha afirmado estar convicto que Portugal iria finalizar “o ano de 2022 com um crescimento [da economia] de cerca de 6,8%”.
Esta taxa fixa-se, contudo, acima dos 6,5% estimados no Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), que deu entrada no parlamento em outubro passado.
No que se refere ao quarto trimestre de 2022, o INE reviu em alta a expansão homóloga do PIB para 3,2% (face aos 3,1% estimados em janeiro e desacelerando face aos 4,8% do terceiro trimestre) e a variação em cadeia para 0,3% (taxa idêntica à do trimestre anterior e acima dos 0,2% avançados na estimativa de janeiro).
“No conjunto do ano 2022, o PIB registou um crescimento de 6,7% em volume, o mais elevado desde 1987, após o aumento de 5,5% em 2021 que se seguiu à diminuição histórica de 8,3% em 2020, na sequência dos efeitos adversos da pandemia na atividade económica”, refere o instituto.
Em termos nominais, o PIB aumentou 11,5% em 2022 (7,1% em 2021), atingindo cerca de 239.000 milhões de euros.
Segundo o instituto, “a procura interna apresentou um contributo positivo expressivo para a variação do PIB, embora inferior ao observado no ano anterior, verificando-se uma aceleração do consumo privado e uma desaceleração do investimento”.
Assim, a procura interna em termos reais desacelerou para uma taxa de variação de 4,5% (5,6% no ano anterior), passando de um contributo para a variação anual do PIB de 5,8 pontos percentuais em 2021 para 4,7 pontos percentuais.
Quanto ao contributo da procura externa líquida, passou a positivo em 2022, tendo-se registado uma aceleração das exportações de bens e de serviços mais intensa que a das importações de bens e serviços.
Já o consumo privado – as despesas de consumo final das famílias residentes e das instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias – registou um crescimento de 5,7%, em termos reais, acelerando face aos 4,7% registados em 2021.
“A despesa em bens não duradouros e serviços passou de um crescimento de 4,9% em 2021 para 5,2% e a componente de bens duradouros também acelerou, de 3,6% para 11,6% em 2022, destacando-se a recuperação da componente automóvel, após taxas negativas nos três anos anteriores”, aponta.
No que ser refere ao consumo público, (despesas de consumo final das Administrações Públicas), desacelerou em termos reais, registando uma taxa de variação de 2,4% (4,6% no ano anterior). Em termos nominais, registou um crescimento de 7,3% (6,1% em 2021).
Em 2022, o investimento aumentou 2,7% em termos reais, “abrandando significativamente” face aos 10,1% registados no ano anterior.
O INE detalha ainda que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) registou um “aumento menos expressivo” face ao ano anterior (de 8,7% para 2,7%), enquanto a variação de existências apresentou um contributo nulo para a variação anual do PIB (0,2 pontos percentuais em 2021).
Já a procura externa líquida apresentou um contributo de 2,1 pontos percentuais, após o contributo de -0,3 pontos percentuais em 2021, tendo as exportações de bens e serviços acelerado de 13,4% para 16,7%, enquanto as importações desaceleraram de 13,2% em 2021 para 11,0%.
O INE explica que as exportações de bens em volume aumentaram 8,7% em 2022 (11,2% em 2021), enquanto as exportações de serviços registaram uma “aceleração significativa”, passando de um crescimento de 19,6% em 2021 para 37,7%.
“No caso dos serviços, aquele resultado reflete em parte o aumento expressivo da componente de turismo (variação de 80,9%), após taxas de -56,9% e +27,0% em 2020 e 2021, respetivamente”, precisa.
Quanto às importações de bens, aumentaram 9,8% (12,9% em 2021) e as de serviços cresceram 17,2% (15,1% em 2021).
No destaque hoje divulgado, o INE avança ainda que, “no contexto internacional de elevada inflação, o deflator implícito do PIB acelerou em 2022, para uma taxa de variação de 4,5% (1,5% no ano anterior)”.
“O deflator da procura interna também acelerou significativamente, passando de uma variação de 2,1% em 2021 para 6,3% em 2022, refletindo movimentos no mesmo sentido das despesas de consumo final e do investimento”, acrescenta.
Em termos nominais, o saldo externo de bens e serviços foi menos negativo em 2022, passando de -2,9% do PIB em 2021 para -2,5% do PIB.
Já o deflator das importações de bens e serviços registou uma taxa de variação de 18,6% (7,4% no ano anterior) e o deflator das exportações um aumento de 14,8% (6,1% em 2021), numa evolução que “traduziu, em parte, o efeito mais intenso da subida do preço dos bens energéticos no deflator das importações”.
Em 2022, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) a preços base registou uma taxa de variação de 6,1% em volume, após um aumento de 4,9% em 2021.
O emprego para o conjunto dos ramos de atividade (medido em número de indivíduos) registou um crescimento de 2,0%, após um aumento de 1,9% no ano anterior, tendo o emprego remunerado aumentado 3,3%, após uma subida de 1,8% em 2021.
Considerando o emprego medido em termos de horas trabalhadas, verificou-se um crescimento de 2,9% em 2022 (3,1% 2021), tendo a produtividade medida pelo rácio entre o PIB em volume e o número de pessoas empregadas aumentado 4,0% (2,9% em 2021), enquanto a medida pelo rácio entre o PIB em volume e o número de horas trabalhadas passou de um crescimento de 1,7% em 2021 para 3,1% em 2022.
Considerando o quarto trimestre de 2022, o INE reviu em alta a expansão homóloga do PIB para 3,2% e a variação em cadeia para 0,3%.
Segundo explica, o contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB diminuiu no 4.º trimestre, passando de 3,2 pontos percentuais no terceiro trimestre para 1,9 pontos percentuais, verificando-se um crescimento menos acentuado do consumo privado e uma diminuição do investimento. .
Por sua vez, o contributo positivo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB também diminuiu, para 1,3 pontos percentuais (1,6 pontos percentuais no trimestre anterior), traduzindo a desaceleração das exportações de bens e serviços, em volume, mais intensa que a das importações de bens e serviços. .
“Pelo sétimo trimestre consecutivo, observou-se uma perda de termos de troca em termos homólogos, embora tenha sido a menos intensa desde o segundo trimestre de 2021, em resultado da desaceleração mais acentuada do deflator das importações face ao deflator das exportações”, nota o INE.
Já na comparação em cadeia, de outubro a dezembro o contributo da procura interna para a variação em cadeia do PIB (0,2 pontos percentuais) foi inferior ao registado no trimestre precedente (0,7 pontos percentuais), enquanto o contributo da procura externa passou a positivo (0,1 pontos percentuais), após ter sido negativo no terceiro trimestre (-0,4 pontos percentuais).
Os resultados divulgados hoje pelo INE incluem ainda uma revisão dos dados provisórios de 2021, tendo os novos resultados determinado uma revisão em alta de 0,1 pontos percentuais da taxa de variação do PIB em temos nominais em 2021, para 7,1%, enquanto, em termos reais, a taxa de crescimento se manteve em 5,5%.
Em termos trimestrais, a incorporação da nova informação traduziu-se ainda em revisões das taxas de variação homóloga que variaram entre -0,1 pontos percentuais no primeiro e terceiro trimestres de 2022 e +0,1 pontos percentuais no quarto trimestre de 2022.
[notícia atualizada às 12h32 de 28 de fevereiro de 2023]
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