A economia portuguesa está a perder força por causa da moderação no consumo das famílias e nas exportações, confirmou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE), no destaque sobre as contas nacionais relativas ao terceiro trimestre de 2018.
A variação homóloga do produto interno bruto (PIB) abrandou de 2,4% no segundo trimestre para 2,1% no terceiro. Trata-se do desempenho mais fraco dos últimos dois anos, sendo preciso recuar ao segundo trimestre de 2016 para encontrar um valor pior (1,3%).
A economia perdeu gás “em resultado da desaceleração do consumo privado”, ao passo que “a procura externa líquida apresentou um contributo negativo ligeiramente menos intenso que o observado nos dois trimestres anteriores, tendo as exportações e importações de bens e serviços desacelerado”, escreve o INE.
Este crescimento de 2,1% no terceiro trimestre reduz a média do ano para 2,2%, que fica assim abaixo dos 2,3% estimados pelo governo para o conjunto de 2018 (estimativa do Orçamento do Estado de 2019).
Consumo privado
A evolução do consumo privado, que costuma representar cerca de dois terços da economia nacional, registou um forte abrandamento, de uma taxa homóloga de 2,7% no segundo trimestre para 2,3% no terceiro. Isto acontece, mostra o INE, porque as famílias residentes travaram a fundo na compra de bens duradouros.
A despesa neste tipo de produtos (carros, eletrodomésticos, mobiliário, etc.) estava a crescer uns expressivos 8,8% no segundo trimestre face a igual período de 2017, mas o seu ritmo afundou para apenas 2,3% no trimestre seguinte (julho a setembro).
Exportações
As exportações também estão com algum problema, sobretudo no sector dos serviços.
As vendas totais da economia portuguesa ao estrangeiro registaram uma desaceleração “significativa”, observa o INE. Estavam a crescer 7,1% no segundo trimestre (e 6,2% há um ano atrás, no terceiro trimestre de 2017), mas o ritmo ronda agora os 3,1%.
O crescimento das exportações de mercadorias deslizou de 7,3% para metade (3,6%) entre o segundo e o terceiro trimestre. Nos serviços, a quebra de ritmo foi ainda maior, de 6,4% para 1,6%.
Investimento
O investimento em veículos (autocarros, carrinhas comerciais, camiões, por exemplo), é que parece ter contrariado este ambiente mais frágil, ganhando força no terceiro trimestre.
A componente fixa do investimento total (FBCF, o investimento novo que efetivamente entra na economia) acelerou de 4,1% no segundo trimestre para 4,5% no seguinte.
Segundo o INE, o investimento em material transporte, que estava em queda (-5,6% no segundo trimestre, em termos homólogos), disparou para 9,3%, “compensando a desaceleração verificada nas restantes componentes”.
O investimento em construção voltou a perder fôlego, com o respetivo crescimento a deslizar de 3,6% para 2,4% entre o segundo e o terceiro trimestre.
(atualizado 13h15)
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