//Economia portuguesa caiu 5,7% no 3.º trimestre

Economia portuguesa caiu 5,7% no 3.º trimestre

O Produto Interno Bruto (PIB) caiu 5,7% no terceiro trimestre em termos homólogos e recuperou 13,3% em cadeia, confirmou o Instituto Nacional de Estatística (INE) nas Contas Nacionais Trimestrais divulgadas esta segunda-feira.

“Os resultados apresentados correspondem às estimativas preliminares do PIB para o terceiro trimestre de 2020 e refletem os efeitos da reabertura progressiva da atividade económica, que se seguiu à aplicação de medidas de contenção à propagação da covid-19 com forte impacto económico nos primeiros dois meses do segundo trimestre”, refere o INE.

Segundo o instituto estatístico, no terceiro trimestre de 2020 o PIB registou uma diminuição homóloga de 5,7% em volume, depois da contração de 16,4% observada no trimestre anterior.

Esta evolução, explica, “deveu-se em grande medida ao comportamento da procura interna, que registou um contributo significativamente menos negativo que no trimestre precedente (passando de -11,8 pontos percentuais no segundo trimestre para -4,0 pontos percentuais), refletindo sobretudo a recuperação expressiva do consumo privado e, em menor grau, do investimento e do consumo público”.

No mesmo sentido, o contributo da procura externa líquida no terceiro trimestre foi menos negativo que o registado no trimestre precedente (passando de -4,6 pontos percentuais para -1,6 pontos percentuais), verificando-se uma recuperação mais significativa das exportações de bens e serviços (passando de uma taxa de -39,4% para -15,2%) que a observada nas importações de bens e serviços (de -29,2% para -11,4%), devido sobretudo à evolução das exportações de bens”, acrescenta.

Já no que se refere à evolução em cadeia – o PIB aumentou 13,3% em termos reais face ao segundo trimestre, depois de ter diminuído 13,9% no trimestre precedente – o INE explica também este resultado “sobretudo pelo comportamento da procura interna, que registou um contributo positivo de 10,7 pontos percentuais para a variação em cadeia do PIB, quase simétrico do observado no segundo trimestre (-10,9 pontos percentuais)”.

“O contributo da procura externa líquida também passou a positivo (2,6 pontos percentuais), depois de ter sido muito negativo (-3,0 pontos percentuais) no trimestre precedente, verificando-se um crescimento acentuado das exportações de bens e serviços”, precisa.

Os números hoje conhecidos seguem-se a duas estimativas rápidas anteriormente divulgadas pelo INE: A primeira, a 30 de outubro, apontava para uma queda de 5,8% do PIB em termos homólogos e uma recuperação de 13,2% em cadeia, e a segunda, de 13 de novembro, reviu a anterior em alta numa décima (para uma contração homóloga de 5,7% e recuperação em cadeia de 13,3%), sendo igual à divulgada hoje.

Segundo os dados hoje divulgados, em termos nominais, o PIB diminuiu 3,6% no terceiro trimestre de 2020 face ao mesmo período de 2019, o que compara com a redução de 12,7% no trimestre anterior.

O consumo privado “registou uma variação homóloga de -4,3% em termos reais (-14,4% no trimestre precedente), e o investimento diminuiu 8,2% (taxa de -10,1% no segundo trimestre) devido ao contributo negativo da variação de existências, enquanto a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) apresentou uma variação “ligeiramente positiva” de 0,5%, após uma taxa de -8,5% no trimestre anterior.

Quanto ao consumo público, “também recuperou em volume”, registando um crescimento homólogo de 1,7%, após ter diminuído 4,1% no trimestre anterior, “refletindo o impacto negativo na produção não mercantil em volume das medidas adotadas para reduzir a propagação da covid-19”.

Por outro lado, em termos nominais, o consumo público registou “crescimentos significativos”, verificando-se um ligeiro abrandamento no terceiro trimestre, passando de uma taxa de variação homóloga de 6,5% no segundo trimestre para 6,1%.

A procura externa líquida registou um contributo de -1,6 pontos percentuais para a variação homóloga do PIB (-4,6 pontos percentuais no trimestre precedente), “continuando a verificar-se uma diminuição em volume mais intensa das exportações de bens e serviços (-15,2%) que das importações de bens e serviços (-11,4%), embora com taxas mais próximas que no trimestre anterior (diminuição de 39,4% das exportações e de 29,2% das importações)”.

“Para esta evolução é de destacar o contributo da recuperação expressiva das exportações de bens, que passaram de uma taxa de variação homóloga de -32,6% para uma diminuição de 2,8% no terceiro trimestre”, salienta o INE.

Por outro lado, acrescenta, “as exportações de serviços continuaram a registar uma diminuição homóloga bastante significativa (-40,8%), ainda que menos intensa que a observada no trimestre anterior (-54,0%), explicada em grande medida pelo comportamento do turismo”.

O Valor Acrescentado Bruto (VAB) a preços base registou uma taxa de variação homóloga de -4,6% no terceiro trimestre de 2020, em termos reais, uma diminuição “significativamente menos intensa” que a verificada no trimestre anterior (taxa de -14,9%), tendo contribuído para esta evolução sobretudo os ramos ‘comércio e reparação de veículos’ e ‘alojamento e restauração’, assim como da ‘indústria’.

No terceiro trimestre, o emprego para o conjunto dos ramos de atividade da economia diminuiu 2,6% em termos homólogos (taxa de -3,5% no trimestre anterior), tendo o emprego remunerado registado uma redução homóloga de 2,8%, após a diminuição de 3,3% no segundo trimestre.

Face ao trimestre anterior, o PIB aumentou 13,3% em termos reais (-13,9% no segundo trimestre), muito impulsionado pela procura interna, que “registou um contributo positivo bastante significativo (10,7 pontos percentuais) para a variação em cadeia, após o contributo negativo de magnitude semelhante (-10,9 pontos percentuais) observado no segundo trimestre”.

Segundo o INE, o contributo da procura externa líquida também foi positivo no terceiro trimestre (passando de -3,0 pontos percentuais para +2,6 pontos percentuais), tendo as exportações totais, em volume, registado uma variação em cadeia de +38,9% (taxa de -37,0% no trimestre anterior) e as importações totais aumentado 26,5% (taxa de -29,2% no segundo trimestre).

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