O primeiro-ministro aproveitou esta quarta-feira um discurso do presidente da Câmara de Lisboa sobre a crescente instalação de empresas tecnológicas na capital e defendeu que a economia portuguesa está a mudar, mesmo em conjuntura de instabilidade internacional.
António Costa defendeu esta posição na inauguração do Centro de Inovação do Instituto Superior Técnico, num discurso que se seguiu ao de Carlos Moedas, em que o autarca e ex-comissário europeu assinalou que 54 empresas tecnológicas se instalaram recentemente em Lisboa, 12 das quais `unicórnios´ (com capital superior a mil milhões de dólares norte-americanos).
No encerramento da sessão de inauguração do novo centro, o primeiro-ministro recuou aos tempos do final do regime do Estado Novo, com o antigo ministro Veiga Simão, para falar do primeiro salto qualitativo de Portugal com a generalização do ensino. Mas, sobretudo, centrou a sua intervenção no período dos governos socialistas de António Guterres, com Mariano Gago e Marçal Grilo, respetivamente nos cargos de ministros da Ciência e da Educação entre 1995 e 1999.
Referiu então uma série de dados sobre a evolução das qualificações em Portugal desde 2000 até 2022, comparando indicadores relativos à descida do abandono escolar precoce, ou sobre o aumento de jovens com ensino secundário, com licenciaturas, mestrados e doutoramentos.
“Em 2000 existiam 17 mil investigadores, mas o país tem atualmente mais de 60 mil”, disse, tendo a ouvi-lo os seus ministros das Ciência e Ensino Superior, Elvira Fortunato, da Economia, António Costa Silva, e da Coesão Territorial, na Abrunhosa, bem como a representante da Comissão Europeia em Portugal, Sofia Moreira da Sousa.
Perante uma plateia como muitos estudantes, António Costa, que esteve envolvido no lançamento deste novo Centro de Inovação Superior Técnico em 2010, quando desempenhou as funções de presidente da Câmara de Lisboa, assumiu que existem atualmente “muitos motivos de inquietação” por causa das guerras na Europa e no Médio Oriente, das alterações climáticas, das pandemias, da inflação ou do aumento das taxas de juro.
“Mas, se olharmos para os fundamentais, temos boas razões para estar confiantes no futuro. Houve uma mudança estrutural na economia portuguesa ao vencermos o défice das qualificações, porque não há inovação sem qualificações”, sustentou.
Num novo elogio aos governos de António Guterres, dos quais fez parte, o primeiro-ministro frisou que a população ativa de Portugal “mudou, porque há 28 anos foi lançada a sementeira que dá os frutos que hoje Portugal dispõe” em termos de recursos humanos
Neste contexto, indicou que, no ano passado, “pela primeira vez, as exportações nacionais representaram mais de 50% do Produto Interno Bruto”.
“Esta geração qualificada que temos no mercado de trabalho está hoje a transformar as empresas”, afirmou, realçando, depois, entre outros dados, que a exportação de bens é atualmente superior à exportação de serviços.
“É isto que nos permite dizer que a economia está mesmo a mudar”, sustentou.
Na sua intervenção, o primeiro-ministro também procurou negar que as universidades e as empresas estejam de costas voltadas, dando como exemplo contrário a adesão à componente das Agendas Mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“O Instituto Superior Técnico dá-nos um excelente exemplo de que não é assim”, apontou.
No primeiro discurso da sessão, o presidente do Instituto Superior Técnico, Rogério Colaço, tinha desafiado o antigo aluno desta instituição, hoje presidente da Câmara de Lisboa, a instalar um `Innovation District Center´, a exemplo do que acontece em várias cidades europeias, asiáticas e da América do Morte – um desafio que foi logo aceite por Carlos Moedas.
Antes, Carlos Moedas e António Costa descerraram uma placa alusiva à inauguração do Centro de Inovação do Instituto Superior Técnico e informaram-se sobre os projetos de inovação tecnológica já em curso naquele centro, como míni satélites, protótipos tipo Fórmula 1 sem condutor, botijas de hidrogénio para alimentação de motores, assim como novos drones.
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