
As Previsões Económicas da Primavera da Comissão Europeia revêm em baixa as estimativas de crescimento da economia portuguesa este ano, para 1,8% – menos 0,1 que em 2024 e perspetivam um crescimento mais lento, este ano. As estimativas apontam também para o regresso aos défices em 2026, com um saldo negativo de 0,6% do PIB.
Números que na análise do economista João Cerejeira, são, contudo, relativamente positivos para Portugal uma vez que colocam o país a crescer mais do que a média europeia.
“A Comissão Europeia prevê até um bocadinho otimista”, diz o economista, assinalando que para o próximo ano aponta à “continuação de um crescimento económico acima da média da União Europeia na Zona Euro” o que quer dizer que “a economia portuguesa está a ter um desempenho melhor em termos de crescimento”.
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O professor da Universidade do Minho avisa, no entanto, para a necessidade de o país estar atento à previsão do défice para o próximo ano que, ainda assim, será comportável com a descida da dívida pública.
“A Comissão Europeia prevê que, em 2026, tenhamos novamente o déficit. A Comissão Europeia aponta dois motivos principais: um que tem a ver com a descida do IRS e do IRC, nomeadamente o IRS jovem, que tem um impacto significativo nas contas públicas, mas também a necessidade de o Governo português fazer investimentos públicos por via do PRR”, observa.
João Cerejeira sublinha que “este déficit português, apesar de ser de 0,6%, é sempre algo que nos deve deixar atentos, mas ainda assim é comportável com a descida sustentada da dívida pública. E se olharmos para o desempenho dos outros países, por exemplo da França, da Espanha, esses mantêm déficits muito superiores e com raças de dívida também muito superiores”.
Nestas declarações à Renascença, e no dia seguinte às eleições, João Cerejeira alerta para os riscos que a instabilidade política representa para a economia nacional.
“Um governo minoritário com pouca capacidade de decisão vai ter sempre mais tendência a optar por aumento mais generoso nas pensões, nos vencimentos dos funcionários públicos e, eventualmente, também uma descida maior nos impostos, portanto, será muito importante que Portugal consiga manter esta trajetória de descida da dívida pública no peso e a manutenção de superavits nas contas públicas”, adverte.
Para o economista, a forma de estarmos protegidos contra crises financeiras internacionais “é estarmos com contas públicas mais saudáveis do que os principais países do ponto de vista económico da União Europeia, nomeadamente a Alemanha, a França, a Espanha, a Itália, por exemplo”.
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