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A administradora da EDP e presidente executiva (CEO) da EDP Comercial alertou hoje para a necessidade de acelerar o licenciamento das comunidades de energia pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), que atualmente demora “mais de um ano”.
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“É um processo que está a demorar vários meses por parte da DGEG. Há projetos estão à espera há mais de um ano”, afirmou Vera Pinto Pereira em declarações aos jornalistas à margem da inauguração da nova unidade de autoprodução de energia instalada na Maia, no Centro de Produção e Logística do Norte dos CTT.
Segundo a CEO, a EDP tem atualmente cerca de 2.000 destas comunidades em desenvolvimento, sendo que “400 [estão] a aguardar, já submetidas para pedido licenciamento, [e] apenas uma está licenciada”, na zona de Lisboa.
Explicando que o processo de instalação das comunidades de energia “tipicamente tem que ser certificado, seja pelo operador de rede, seja pela DGEG”, Vera Pinto Pereira disse que a EDP tem “sentido […] aí algum atraso que importa acelerar”, dada a “agenda de descarbonização para o país extremamente ambiciosa” que a empresa assumiu.
“Se quisermos cumprir com a meta que o Governo traçou de 20 Gigas de capacidade solar até 2030, estamos a falar de acrescentar, por ano, 2,5 Gigas de capacidade de geração solar. Ora, isso é replicar tudo aquilo que foi feito até à data, mas numa base anual, é o equivalente a 2.500 instalações como esta que estamos hoje a visitar”, enfatizou.
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“Portanto — acrescentou – é absolutamente fundamental acelerarmos esse processo, para poder ter estas instalações e levar esta energia de forma exponencial a todas as entidades que circundam coberturas como estas”.
A administradora da EDP salientou que a figura das comunidades de energia — que a empresa batizou de bairros solares — “tem um valor importante, na medida em que torna a transição energética mais democrática”, permitindo “trazer para a agenda da descarbonização” quer as empresas e entidades com capacidade e espaço para efetuar este tipo de instalações, quer as que não os têm, mas podem beneficiar dessa energia através da lógica da comunidade de energia.
“Este é um dos eixos fundamentais do negócio e do crescimento da EDP. Temos previsto investir até 2026 entre 2.000 a 2.500 milhões de euros nesta frente da geração solar descentralizada, para fazer crescer aquilo que é hoje uma capacidade de geração solar desta natureza já de 1.6 Gigas a nível global nos vários países e regiões onde a EDP opera” na Europa, América do Norte, Brasil e Ásia.
A nova unidade de autoprodução de energia da Maia, inaugurada hoje no Centro de Produção e Logística do Norte dos CTT, resulta da parceria entre a EDP e os Correios de Portugal para desenvolvimento de projetos até seis MegaWatt-pico (MWp) de geração de energia descentralizada, anunciada em outubro de 2022.
No âmbito desta parceria, já é possível produzir eletricidade a partir do sol em 20 instalações dos CTT no país, sendo que no projeto da Maia foram foi concebida uma central com mais de 1.800 painéis solares e capacidade instalada de um MWp.
Atualmente, esta central opera apenas em regime de autoconsumo individual, satisfazendo 40% das necessidades energéticas diárias daquele edifício dos CTT. Contudo, quando terminar o processo de licenciamento, esta central vai tornar-se num bairro solar EDP/CTT, ou seja, numa comunidade de autoconsumo coletivo, em que a unidade solar instalada nos CTT passa a partilhar os benefícios com até 850 famílias e empresas daquela região.
Segundo o CEO dos CTT, João Bento, os vizinhos que aderirem ao projeto terão poupanças de até 35% na energia solar consumida mensalmente.
No total, o projeto dos CTT/EDP prevê a criação de 40 bairros solares que se prevê que venham a envolver cerca de 8.000 famílias e empresas de todo o país e a evitar a emissão de 1.600 toneladas de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera.
Para os CTT, para além de passarem a utilizar mais energia sustentável nos seus edifícios e de a poderem partilhar com a comunidade envolvente, esta parceria “permite gerar poupanças significativas nos custos com eletricidade e reduzir a dependência da rede energética”.
Assumindo a sustentabilidade como “um pilar fundamental na sua estratégia”, o objetivo dos CTT a este nível passa por operar com 50% de veículos elétricos na última milha até 2025 e 100% até 2030, promover o consumo responsável através do uso de 100% de embalagens recicladas e/ou reutilizáveis até 2030 e alcançar a neutralidade carbónica até 2030.
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