Não há cortes à vista nas ambições ou objetivos da EDP. Pelo contrário. O grupo está a enfrentar bem os efeitos da pandemia de covid-19 e mantém as metas anteriormente traçadas: atingir um lucro líquido recorrente entre 850 milhões e 900 milhões de euros e assegurar o pagamento de um dividendo mínimo de 0,19 euros por ação.
Em entrevista à agência Reuters, o recém nomeado CEO interior da EDP é perentório: “Obviamente vamos ser impactados [pela COVID-19], mas mantemos o nosso guidance entre 850 e 900 milhões de euros de lucro líquido recorrente em 2020 e a verdade é que isto mostra a resiliência do negócio da EDP”.
O que não significa que não haja impactos negativos a ter em conta, admite Miguel Stilwell, que aponta a “desvalorização do real” no Brasil e a “redução da procura” em Portugal, Espanha e Brasil. Por outro lado, há “alguns pontos positivos” que “mais que mitigam” os efeitos negativos, considera o gestor, dando como exemplos o hedging management para 2020, “que nos assegurou que mantemos e reforçamos resultados nessa área”, o programa de rotação de ativos “muito forte”, com a venda de dois portfolios, na Europa e EUA, “que também está a correr muito bem”, e a redução das taxas de juros.
Questionado sobre a política de dividendos da companhia elétrica, Miguel Stilwell garante que irá manter o payout ratio (taxa de pagamento, que corresponde à parcela dos lucros que será distribuída pelos investidores) entre os 75% e os 85%, com um teto mínimo de 0,19 euros por ação. Além disso, reiterou que “cortará a dívida líquida para 3,2 vezes o EBITDA em 2020”, apesar da aquisição da espanhola Viesgo, recentemente anunciada.
Recorde-se que a compra da Viesgo, a antiga EON Espanha, foi conhecida na quarta-feira, num negócio avaliado em cerca de dois mil milhões de euros: a EDP investe 900 milhões em equity e consolida 1,1 mil milhões de dívida da companhia espanhola. Uma aquisição que permitirá à EDP mais do que duplicar a sua presença na distribuição de eletricidade em Espanha e que será financiada por um aumento de capital de mil milhões de euros, equivalente a 8,45% do capital da EDP.
Uma operação que demorou “vários meses a preparar”. A EDP tentou comprar a Viesgo quatro ou cinco vezes nos últimos 20 anos “porque são redes que estão contíguas ou sobrepostas e, do ponto de vista físico, operacional tem imenso potencial”. “Desta vez os astros ficaram alinhados e foi possível fazer esta aquisição dos ativos muito interessantes e com uma parceria com a Macquarie”, acrescentou Miguel Stilwell.
As ações da EDP estão a subir 1,54% na Euronext Lisbon, enquanto o PSI20 ganha apenas 0,26%.
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