A EDP disse esta sexta-feira esperar um lucro entre 1.200 e 1.300 milhões de euros em 2023, mais 100 a 200 milhões do que o estimado anteriormente, devido à evolução positiva do mercado e da produção hidroelétrica.
A revisão em alta da previsão de lucros foi anunciada pelo presidente executivo da elétrica, Miguel Stilwell de Andrade, durante a teleconferência com analistas sobre os resultados dos primeiros nove meses do ano.
Na quinta-feira, a EDP reportou um lucro de 946 milhões de euros até setembro, um crescimento de 83% em termos homólogos, graças, em parte, à recuperação da produção hídrica em Portugal.
Em julho, a EDP previa um lucro de 1.100 milhões de euros em 2023.
Segundo as explicações aos analistas, a revisão em alta do lucro anual deve-se também ao bom desempenho da rotação de ativos e a consolidação da EDP Brasil, depois da oferta pública de aquisição (OPA) anunciada em março.
O grupo mantém as previsões de cerca de 5.000 milhões de euros de EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para este ano, bem como uma dívida líquida de cerca de 15.000 milhões de euros.
Questionado sobre a tarifa social da eletricidade, Stilwell de Andrade lembrou que o Governo aprovou alterações ao modelo de financiamento do apoio, mas os detalhes ainda não são conhecidos.
“Esperamos que, para a EDP, os custos com a tarifa social da eletricidade sejam mais baixos do que no passado, mas ainda aguardamos os detalhes”, apontou o responsável, sublinhando que o problema do grupo não é com a tarifa em si, mas “como e por quem é financiada”.
O Conselho de Ministros aprovou, em 12 de outubro, o novo modelo de financiamento da tarifa social da eletricidade, passando a ser comparticipada também pelos comercializadores e restantes agentes no mercado de consumo de energia elétrica.
A tarifa social de energia garante um desconto de 33,8% sobre as tarifas de venda a clientes finais para agregados com dificuldades financeiras, tendo sido alargada, em 2020, às situações de desemprego.
A EDP anunciou, em 29 de outubro de 2020, que ia pedir à Comissão Europeia (CE) uma análise sobre o mecanismo de financiamento da tarifa social a cargo dos produtores, uma vez que, desde 2011 até então, foi imputado à elétrica um custo superior a 460 milhões de euros.
Em novembro do ano passado, a EDP disse à Lusa que a CE confirmou o caráter discriminatório do modelo de financiamento da tarifa social de energia, em resposta ao pedido de verificação feito pela empresa em 2020.
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