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É já no dia 17 de dezembro que os cerca de 602 mil associados da Montepio Geral – Associação Mutualista elegem os novos órgãos sociais para 2022-2025. Quatro listas concorrem nestas eleições, incluindo a Lista A, liderada pelo atual presidente da instituição, Virgílio Lima.
As eleições ocorrem num contexto desafiante em termos de contas da associação, que teve um prejuízo consolidado de 86 milhões de euros em 2020, após um lucro de nove milhões de euros em 2019.
Os resultados foram penalizados pelas perdas de 81 milhões de euros do Banco Montepio. As contas da mutualista mereceram “reservas” da auditora. A PwC considerou que os ativos por impostos diferidos, os capitais próprios e o resultado líquido estão “sobreavaliados por um montante materialmente relevante”. Os capitais próprios foram negativos em 794 milhões de euros.
Questionado sobre o que espera das eleições, Vírgílio Lima é perentório: “Espero, naturalmente, vencer as eleições e implementar o programa com o qual nos comprometemos perante os associados”. “Mas também espero que este ato eleitoral não impacte, de modo prejudicial, a estabilidade de atuação das empresas do Grupo ou o clima social interno”, avisou.
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Para Pedro Corte Real, que lidera a Lista B, “estas eleições são a última oportunidade para trazer ao Montepio gente idónea e competente, e salvar a instituição”. Considera ainda que o “mais urgente neste momento é colocar o banco ao serviço da associação e não o contrário, como tem sido e está a ser feito”. No âmbito das eleições, sua lista acusou ontem a Lista D, liderada por Pedro Gouveia Alves de “violação de regras eleitorais e institucionais”. Para a Lista B, a “maior prioridade é restaurar a confiança dos associados na instituição”.
A Lista C, de Eugénio Rosa, pede aos associados que se envolvam, “participando ativamente nas eleições, não desperdiçando o seu voto que tem uma força muito grande e que não deve ser subestimada”.
Pedro Gouveia Alves espera uma vitória da sua Lista D, “com a esperança de devolver a competência e rigor na gestão, capaz de inverter um ciclo de degradação do património”.
Lista A. A continuidade
Entre as prioridades de Virgílio Lima está acabar com as “ruturas” existentes na mutualista e no Grupo. “No conjunto, gerimos cerca de 25 mil milhões de ativos e isto porque é cada vez maior o número de pessoas que confiam em nós e na estabilidade que oferecemos. É preciso projetar o futuro sem qualquer rutura”, disse.
Outro ponto fundamental é o da redução dos ativos improdutivos. “São cerca de dois mil milhões de euros. O diagnóstico está feito, eu próprio o apresentei na assembleia geral de março de 2020 e, muito em breve, apresentaremos a solução para estes ativos improdutivos”, destacou.
Virgílio Lima frisou: “Vivemos durante longos anos num clima de instabilidade e escrutínio mediático, mas as nuvens negras terminaram, arrumámos a casa, estabilizámos o grupo e já apresentámos resultados. Não regressaremos ao passado”.
Lista B. Mudar em 4 eixos
“A situação dramática a que o Montepio Geral – Associação Mutualista chegou exige medidas difíceis, mas inadiáveis, para a resolução dos principais problemas e insuficiências da instituição”, disse Pedro Corte Real, que lidera a Lista B. Apontou que, segundo refere o auditor independente no relatório e contas de 2020, “está em causa a continuidade da instituição”. “As medidas que propomos desenvolvem-se em quatro eixos de intervenção imediata, que passam por devolver o controlo do Montepio aos associados, restaurar a solidez financeira do Montepio, respeitar os trabalhadores e reintegrar o Montepio no setor mutualista”, adiantou.
Segundo Corte Real, a sua lista definiu algumas propostas, incluindo “salvaguardar o Montepio da instrumentalização por interesses partidários ou corporativos” e “colocar a instituição ao serviço dos associados, ouvindo as suas opiniões e sugestões”. Outras propostas passam por “implementar as medidas necessárias para garantir a sustentabilidade financeira do Montepio”. A Lista B propõe ainda “orientar a atividade das empresas participadas para o interesse do Montepio” e “reduzir os riscos que recaem sobre os associados”, bem como “implementar uma gestão eficaz”, “introduzir coerência nas políticas de gestão de pessoal” e “desenvolver cooperação intensa com outras entidades mutualistas e da economia social”.
Lista C. Recentrar
Entre as propostas avançadas pela Lista C, há uma que se destaca: “Moralizar a Associação Mutualista, reduzindo as remunerações e as benesses de banqueiros de que gozam os seus administradores”. A lista liderada por Eugénio Rosa também quer “respeitar a dignidade e os direitos dos associados e dos trabalhadores, essenciais à recuperação do grupo Montepio – em particular dos que trabalham no Banco Montepio – os quais são também associados e vivem atualmente momentos de angústia e de insegurança”. Isto, porque “paira sobre eles a ameaça de um elevado número de despedimentos – mais de duas dezenas foram já mandados para casa sem funções e sem trabalho, um verdadeiro ato de assédio moral que visa a sua destruição psicológica e é condenado pela lei”.
Entre as prioridades, considera que “é fundamental recentrar a Associação Mutualista na sua verdadeira missão – a que consta dos seus estatutos”. Defende que se “deve abandonar a ideia megalómana de construir um grande grupo financeiro como queria Tomás Correia, que levou o Montepio a entrar em negócios que destruíram um enorme valor e levaram a Associação Mutualista à situação difícil em que se encontra”.
Lista D. Plano de 4 pilares
Segundo Gouveia Alves, “a motivação da candidatura da Lista D centra-se na inversão das perdas registadas ao longo dos últimos anos”. Espera vencer estas eleições e afirma que “a Associação Mutualista não tem qualquer margem para continuar a perder dinheiro, e já vimos que a administração vigente, que está na gestão há seis anos, não consegue fazê-lo”. A lista apresenta “um programa para quatro anos de mandato assente em quatro pilares: valorizar, desenvolver, qualificar, inovar”. Pretende também “valorizar as participações financeiras no banco, seguradoras e sociedades gestoras de fundos que compõem o ativo da associação”. Visa ainda “gerar riqueza a partir da qualificação dos imóveis da associação que não geram rendimentos há anos por falta de edificação e de projetos aprovados”.
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