//Elliott acredita que EDP pode valer mais quatro mil milhões

Elliott acredita que EDP pode valer mais quatro mil milhões

Quatro meses depois de ter entrado na EDP, o fundo Elliott mostrou ao que vem. A gestora liderada por Paul Singer, que já foi apelidado como o investidor mais temido do mundo, apresentou uma proposta para a elétrica: a Elliott acredita que o fim da oferta pública de aquisição (OPA) da China Three Gorges (CTG), a venda de ativos e o investimento em renováveis, pode fazer que a EDP se valorize em quase quatro mil milhões de euros.

Na apresentação divulgada na passada quinta-feira, a Elliott defende que o seu plano trará mais valor para a EDP. Argumenta que as suas propostas poderão colocar as ações da EDP com um preço justo de 4,33 euros, mais de 30% acima da oferta da CTG e da cotação atual da elétrica.

Se chegar aos valores estimados pela Elliott, a EDP poderia atingir um valor de mercado de 15,8 mil milhões de euros. A oferta da empresa estatal chinesa avalia a elétrica em 11,9 mil milhões, menos 3,9 mil milhões do que os números que a Elliott diz serem possíveis atingir. No entanto, os cálculos da gestora incluem pressupostos que podem não se verificar e ainda estimativas para a distribuição de dividendos.

A gestora liderada por Paul Singer quer o fim da OPA. Além de defender que o preço “subavalia” a EDP, refere que o processo está a ser demasiado longo, o que impede a elétrica liderada por António Mexia de crescer. A Elliott argumenta ainda que “para ultrapassar obstáculos regulatórios, a oferta da CTG iria provavelmente forçar a um pouco atrativo desmembramento da EDP, deixando a empresa mais fraca”.

A oferta chinesa enfrenta dois grandes obstáculos. Na Europa, poderia esbarrar nas regras de unbundling, que exigem uma separação entre quem controla o transporte de eletricidade e a produção. Há outra empresa estatal chinesa, a State Grid, que controla 25% da REN, o que complica a oferta de Pequim pela EDP. Nos EUA, onde a EDP detém alguns dos ativos classificados como “joias da coroa”, já houve avisos de que a oferta não passa na Comissão de Investimento Estrangeiro dos EUA (CFIUS, na sigla em inglês). Esta entidade tem travado investimentos de Pequim no setor da energia. Ou seja, caso a CTG mesmo assim quisesse avançar com a oferta teria de abdicar desses ativos.

O plano alternativo

O anúncio preliminar da OPA da CTG sobre a EDP e sobre a EDP Renováveis já foi feito em maio. A Elliott diz que se está a demorar muito tempo nestes processos e argumenta que isso está a travar o valor da empresa liderada por António Mexia, o que a tem penalizado em bolsa face às pares europeias.

Em contraponto à OPA, a Elliott propõe a venda da posição na EDP Brasil, de uma participação de 49% na EDP Distribuição e centrais de geração térmica. A gestora estima que essas alienações resultem num encaixe de 7,6 mil milhões para a EDP (3,6 mil milhões na distribuição ibérica, 2,3 mil milhões na participação na EDP Brasil e 1,7 mil milhões em centrais convencionais ibéricas). No entanto, estas estimativas têm por base médias de avaliação feitas em vendas de empresas com as mesmas características no passado. Algumas propostas não são bem recebidas pelo governo. O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes disse à Reuters que a venda da operação no Brasil seria infeliz, uma vez que é “um mercado em forte crescimento”.

Ainda assim, a Elliott entende que esses 7,6 mil milhões de euros poderiam ajudar a EDP a centrar-se em negócios mais rentáveis e a premiar os acionistas. O fundo propõe usar 3,5 mil milhões para investir em mais projetos de renováveis, abater 2,8 mil milhões à dívida da elétrica e remunerar os acionistas em 1,2 mil milhões através da compra de ações próprias.

No dia em que o plano da Elliott foi conhecido, a EDP disse que iria analisar “cuidadosamente” as propostas. A resposta de António Mexia deverá chegar a 12 de março, dada de apresentação das contas anuais e a atualização da estratégia. Já do lado dos investidores, a reação inicial às propostas da Elliott foi positiva. As ações da EDP subiram 2,45% para 3,26 euros na quinta-feira. Esta sexta-feira perderam energia, ao perder 0,92% para 3,23 euros.

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