Os trabalhadores portugueses ainda não recuperaram os valores salariais de 2010. De acordo com Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos, o vencimento, expresso em paridades do poder de compra, era, em 2018, 6% mais baixo do que oito anos antes, para um horário completo de trabalho.
A informação consta do relatório How’s Life, da OCDE, divulgado esta segunda-feira, e que pretende avaliar o nível do bem-estar os cidadãos dos países membros através de vários indicadores que medem a capacidade de as famílias conseguirem satisfazer necessidades ou como percecionam a sua saúde. Um desses indicadores refere-se aos ganhos salariais.
“Os ganhos são uma componente importante da qualidade do trabalho”, refere o relatório. “O salário anual bruto médio dos trabalhadores a tempo inteiro em 2018 era de 41 500 dólares, variando entre menos de 20 000 dólares no México e mais de 60 000 dólares na Islândia, no Luxemburgo, na Suíça e nos Estados Unidos”, indica a OCDE. Para Portugal, o valor médio calculado pela organização era de 25 487, menos 5,9% do que em 2010 (27 080 dólares). Estes valores são expressos em paridades do poder de compra o que significa que estão eliminados os efeitos das diferenças de preços entre os países, permitindo comparações internacionais.
“Entre 2010 e 2018, para os países da OCDE, os salários registaram um aumento acumulado, em média de 7%, em termos reais (cerca de 2 700 dólares)”, indica o documento, acrescentando que “as maiores subidas ocorreram na Islândia (45%), nos Estados Bálticos e na Polónia (entre 23% e 41%), enquanto que as maiores quedas foram registadas na Grécia (-15%), seguida por outros países do sul da Europa: Espanha, Portugal (-6%) e Itália (-3%)”, conclui.
O relatório da OCDE mostra também que as diferenças salariais entre os que têm salários mais altos e os que menos ganham também é das mais elevadas da organização. O rácio entre os 10% dos trabalhadores com vencimentos maiores é de quase quatro vezes face aos 10% que têm salários mais baixos. A média da OCDE é de três.
Despesa com a casa retira mais rendimento
As despesas dos portugueses com as casas arrendadas foram das que mais subiram entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE). De acordo com o relatório How’s Life, os gastos com as rendas e a manutenção da habitação reduziram o rendimento disponível das famílias em 2,7 pontos percentuais entre 2010 e 2018.
Foi dos casos entre todos os países membros da organização que mais aumentou. “Quando uma elevada percentagem do rendimento disponível é gasto em habitação, isso reduz o montante que as famílias podem dedicar ao consumo e à poupança para outros aspetos do seu bem-estar”, lembra a OCDE.
“Em 2018, as famílias nos 34 países da organização ficavam, em média, com 79,2% do seu rendimento disponível, após as despesas com habitação”, indica o relatório. A OCDE refere que “desde 2010 houve pouco movimento na média da OCDE, mas essa medida acaba por ocultar tendências divergentes nos países. Por exemplo, a capacidade de suportar as despesas da habitação caiu em Portugal (-2,7 pontos percentuais) e na Finlândia (-2,3), mas melhorou na Hungria (aumento de 3,8 pontos percentuais) e na Eslováquia (2,3). O caso português, acabou por se aproximar do que é, historicamente, a média da organização.
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