//“Em dois anos voltaremos à normalidade e ao crescimento económico”

“Em dois anos voltaremos à normalidade e ao crescimento económico”

Diz que os obstáculos que impediram o crescimento por mil anos podem repetir-se no futuro. Que ameaças são estas?

O caminho para superar estes obstáculos é a política educativa. Para incutir nas crianças o comportamento orientado para o longo prazo, podemos introduzir no currículo educativo os instrumentos musicais, por exemplo. Sabemos que as ensina a retardar a gratificação, percebem que os sons que geram inicialmente não são muito atrativos, mas com o tempo o investimento compensa.

Numa sociedade relativamente homogénea, a política educativa focada em ensinar as crianças a desafiar o status quo, a pensar fora da caixa, cria a diversidade que está ausente na sociedade e promove a inovação.

Já numa sociedade excessivamente diversa, enfatizar o respeito pela diferença, a tolerância, gera coesão social que permite à sociedade beneficiar da diversidade sem ser prejudicada pela falta de coesão social. Mais uma vez, as políticas educativas podem ser usadas para mitigar o legado do passado.

Outro grande desafio da atualidade são as alterações climáticas, um problema que acredita que se resolve com menos nascimentos, o que dará tempo para desenvolvimentos tecnológicos. Mas, em continentes envelhecidos como a Europa, não terá consequências profundas?

De fato, no contexto das mudanças climáticas, este é um grande desafio. O que sugiro é que, se pensarmos na jornada da Humanidade como um todo, há elementos de esperança neste caminho, no sentido que, em última análise, o que gerou as alterações climáticas foi o progresso tecnológico, que acelerou a poluição industrial e as tendências de consumo.

No entanto, foi esta aceleração tecnológica que trouxe três processos adicionais: a educação, o poder da inovação e o declínio da fertilidade. Este último ponto é crítico, porque as pessoas estão a poluir o planeta e, se tivermos um declínio gradual da população do planeta Terra, isso mitigará o processo atual.

Isso não significa que podemos ser condescendentes, temos que adotar tecnologias amigas do ambiente, padrões de emissão de carbono e aplicá-los com determinação. Mas, se fizermos isto, ficamos com tempo suficiente para os cientistas desenvolverem tecnologias revolucionárias que resgatarão o mundo de potenciais consequências catastróficas das mudanças climáticas.

Como israelita em Nova Iorque, sabe como é ser um imigrante. Muitos países apostam nos fluxos migratórios para garantir o crescimento. No futuro a tendência será o crescimento da migração?

Acho que as sociedades perceberão que a diversidade é muito importante para o desenvolvimento económico. De um modo geral, sociedades mais diversas beneficiam com a fertilização cruzada de ideias e, como resultado, criam maior prosperidade. Por outro lado, sociedades mais diversificadas tendem a ser menos coesas e, consequentemente, sofrem de conflitos sociais. Isso é parte do motivo pelo qual as pessoas não estão necessariamente a apoiar políticas migratórias liberais.

À medida que avançamos no tempo e à medida que o progresso tecnológico acelera, o papel da diversidade torna-se cada vez mais importante.

Ao mesmo tempo, entendemos que a educação pode ser usada para gerar coesão, para gerar tolerância, etc. Parece bastante claro que, com o tempo, as sociedades vão abrir as fronteiras cada vez mais voluntariamente e, consequentemente, poderão beneficiar da diversidade e da migração.

É um defensor da inovação tecnológica. Como responde a quem teme ser substituído no emprego por máquinas? A inovação não pode acentuar a desigualdade?

O progresso tecnológico está a gerar desigualdades inevitáveis, no sentido em que a aceleração da tecnologia requer educação, talento especial, para lidar com essa tecnologia, o que gera mais desigualdade.

Para que as sociedades possam mitigar isso, temos que garantir que investimos recursos suficientes para gerar igualdade de oportunidades. Ou seja, cada indivíduo deve educar-se para atingir o seu potencial.

Se tal acontecer, veremos menos desigualdade e a sociedade será mais justa e mais moral, no sentido de que cada um terá uma possibilidade justa de educação e de poder beneficiar dessas tecnologias.

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