A empresa portuguesa CybELE desenvolveu uma tecnologia que, através de imagens de satélite, permite denunciar mais facilmente crimes ambientais. Oficialmente, a empresa arrancou em fevereiro deste ano, mas o CybELE é um projeto há muito sonhado e trabalhado pelo francês Robin Bouvier.
Com experiência na área do ambiente, na qual trabalhou como assessor e conselheiro em empresas e numa organização ambientalista, Bouvier percebeu que havia uma lacuna muito grande nas leis de proteção do ambiente, o que permitia incumprimentos e ilegalidades por parte das empresas.
Os satélites espalhados pelo mundo podem assim ajudar a fazer a diferença, garante Bouvier à Renascença.
“Tecnicamente usamos diferentes tipos de satélite. Temos uma parceria com o programa Copernicus, que está ligado a vários satélites a que chamamos de ‘sentinelas’. Usamos as imagens que esses satélites disponibilizam e procedemos à análise dos dados. Juntamos toda a informação disponível e, dependendo do pedido do cliente, adicionamos mais detalhes à informação com análises aos dados.”
Antes e depois. Comparação de uma floresta no norte do Cambodja entre 2002 e 2015
Bouvier explica que, com esta ferramenta, poupa-se nos recursos à investigação e que a análise das informações ajuda a uma melhor compreensão de potenciais crimes para pôr em marcha eventuais processos jurídicos.
Para o especialista, o setor empresarial atingiu um limite no que diz respeito ao consumismo.
“O último século foi baseado no consumo. Percebemos que tem de haver uma economia sustentável e aqui a ideia foi gerar dinheiro e valor com algo que seja sustentável e, mais do que isso, que faça a diferença, que melhore o ambiente”, explica à Renascença. “Começámos a perceber que a Terra não é assim tão grande como dizem.”
A CybELE é ainda uma jovem empresa, integrada num centro de incubação da Agência Espacial Europeia – ESA BIC – em Portugal, mas já tem clientes de vários países. Monitorização de reservas naturais, desflorestação, poluição marítima e descargas no mar são alguns dos pedidos para a CybELE tratar.
Entre os interessados há um português, mas “não está ainda confirmado”.
“Trata-se de uma autarquia, perto de Lisboa. Vamos monitorizar a costa. Sei que têm problemas com rios e têm um parque nacional, por isso, querem que lhes forneçamos mais informações sobre estes casos. Mas, o processo está ainda em discussão”, assegura.
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