//Empresários católicos. “Como vamos falar do futuro do trabalho se não conhecemos o presente”?

Empresários católicos. “Como vamos falar do futuro do trabalho se não conhecemos o presente”?

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As sociedades contemporâneas estão cada vez mais fragmentadas e isso reflete-se no tempo, nas pessoas e no espaço. E essa forma de organização salta para as empresas sendo uma tentação para a gestão das companhias. E isso reduz a humanidade de cada indivíduo. Esta foi uma das ideias impactantes do último painel do 26º Congresso Mundial de Empresários Católicos, que termina este sábado em Lisboa.

Paul Dembinski, professor e responsável pelo Observatório das Finanças da Suíça, considera que esta forma de organização é muito sedutora para os empresários e gestores porque “torna tudo mais fácil”.

O estudioso diz que, apesar de o painel ser para discutir o futuro do trabalho e da organização laboral, há que ter em mente que conhecemos muito pouco deste universo. “Podemos falar do futuro, mas como é que estamos no presente?”, questionou.

Dembinski diz que há 30% a 40% do trabalho fora das estatísticas. “Quando falamos do futuro, temos de ter consciência do quão pouco sabemos do presente”, reiterou.

“O trabalho social não está nas estatísticas. O trabalho de subsistência vale também 30% a 40%”, afirma o representante do Observatório das Finanças da Suíça.

Já a responsável pela Fundação Irradia, Silvia Taurozzi, afirma que o momento atual nos negócios e no trabalho é “complexo e ambíguo” e precisa de líderes para o futuro.

Taurozzi ilustra esta ideia com os números de um estudo da consultora norte-americana Mckensy, que chegou à conclusão de que nos próximos 15 anos “30% dos trabalhos podem desaparecer”.

Isto significa que 400 milhões de pessoas vão ter de alterar a forma como trabalham ou vão mesmo mudar de trabalho.

“Antes, quando falávamos sobre o assunto, pensava que alguma coisa apareceria, haveria novos empregos, ou trabalharíamos menos, ou teríamos um rendimento garantido. A realidade é que não haverá mais trabalhos para estas pessoas que os vão perder”, sintetizou.

A líder da Fundação Irradia afirma, no entanto, que se estão a abrir oportunidades para os negócios se reinventarem.

“Temos de olhar para além dos negócios, entender o que se passa nos nossos países e no mundo”, começou por afirmar.

Para esta empreendedora, a ideia chave da mudança é que “vamos trabalhar para aprender e não aprender para trabalhar”.

O “chairman” da seguradora francesa AXA, Denis Duverne, diz que os trabalhadores estão menos leais com as empresas, porque são as próprias empresas que são cada vez menos leais com os trabalhadores. A tecnologia é uma das razões.

“Está a transformar o trabalho, as pessoas estão sempre conectadas e elas estão sempre distraídas com outras coisas”, resume.

Prémio para as melhores em fazer bem

Este ano, pela primeira vez, a UNIAPAC, Organização Mundial dos Empresários Católicos, criou um prémio para distinguir empresas que se tenham destacado na forma nobre como desempenham o seu trabalho.

O vencedor deste ano foi o empresário Ramon del Rosario, das Filipinas, que atua em várias áreas de negócios, desde a energia, à educação, à habitação, a hotéis, e à consultoria estratégica.

“A pobreza desumanizante continua a ser um problema nas Filipinas. Melhorar vidas através da educação e chegar aos mais pobres é um dos nossos desígnios”, afirmou o empresário, que já construiu sete escolas que se destinam a mais de sete mil estudantes entre os mais vulneráveis.

Foram ainda entregues mais três prémios divididos por zonas do globo. Na América Latina, o galardão foi para Nathan Marcos, CEO da Inversa Instalaciones, que tem feito um trabalho de formação dos trabalhadores de forma a dotá-los de ferramentas para estarem mais preparados para o futuro.

Na Europa, o vencedor foi Augustin Mujyarenganha, que em Itália se dedica à causa dos migrantes. Por fim, em África foi distinguido Aiméé Sene, um empresário do ramo imobiliário e do turismo.

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