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A necessidade de os empresários e gestores irem além dos números, e do lucro, e direcionem as forças do negócio para colocar as pessoas no centro foi uma das mensagens fortes da abertura do 26º Congresso Mundial de Empresários Católicos, que começou esta quinta-feira na Universidade Católica, em Lisboa.
“As pessoas não são recursos humanos, não são recursos como os outros que existem numa empresa. Não podemos tratar tudo da mesma forma. Nós não somos responsáveis pelos números dos nossos negócios, somos responsáveis por pessoas. São elas que depois nos dão os números”, disse o presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), João Pedro Tavares.
O encontro deste ano é dedicado ao tema “Os negócios como uma vocação nobre” e João Pedro Tavares afirma que a defesa da dignidade humana no mundo empresarial é o meio mais eficaz para atingir a prosperidade. Foram os 30 anos como consultor que lhe mostraram.
Marcelo valoriza visão ecuménica
Numa mensagem gravada, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, quis dizer às centenas de congressistas que a visão dos negócios baseada na “dignidade da pessoa” é uma “visão católica e ecuménica”.
“Todos os que partilhamos esta visão temos uma responsabilidade que implica uma atenção constante ao mérito, à equidade, à justiça e ao serviço dos outros”, identifica Marcelo.
O Presidente da República chamou à atenção para a necessidade de projetar valores que sejam contrários ao egocentrismo e ao egoísmo, e isso “é muito importante num mundo dividido por guerras e por discórdia”.
Vaticano a três vozes
O Vaticano esteve representado por três discursos, o do cardeal Peter Turkson, o do monsenhor Bruno-Marie Duffé, secretário da Dicastria para o Desenvolvimento Humano, e ainda uma mensagem do Papa Francisco.
Turkson defende a criação de um sistema empresarial inclusivo, em que os negócios devem ser direcionados para bem.
Já o monsenhor Bruno-Marie Duffé crê que os negócios são uma grande vocação e devem contribuir para a comunidade, para o bem comum.
“Temos de ter uma visão transversal”, especificou, apelando ao diálogo entre atores.
Faltam líderes
Por último, o orador principal da noite, o professor de Economia da Universidade de Bolanha, Stefano Zamagni afirma que as empresas se tornaram “agentes políticos”.
“Não o são na acessão de partidos, mas pelo do impacto das suas ações na sociedade”, explicou.
Para este académico, actualmente não há falta de CEO competentes, ou bem preparados, “temos falta é de líderes”.
“Um líder tem de ter sabedoria, não basta inteligência e competência”, acrescentou. Zamagni diz que os empresários têm a obrigação de mesmo quando o negócio corre bem, questionar-se sobre o estado da sociedade. “A isso chama-se responsabilidade social”, resumiu.
“Os ensinamentos da Igreja Católica são um bom antidoto contra o deslaçar da sociedade”, rematou.
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