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Os empresários da ilha Terceira, nos Açores, reconhecem que já se faz sentir alguma retoma do turismo, mas reivindicam um reforço de promoção e ligações aéreas, alegando que os números ainda estão longe dos registados em 2019.
“Será garantidamente um verão melhor do que 2020, muito longe do de 2019. O “feedback” que temos é que já começam a existir algumas reservas, mas ainda manifestamente insuficientes para aquilo que é a oferta disponível na ilha neste momento. Há um fortíssimo investimento que tem de ser feito na captação de fluxos turísticos”, afirmou, em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo, Marcos Couto.
Segundo o presidente da associação empresarial, a retoma do turismo na ilha Terceira está abaixo “do que seria expectável” e a recuperação dos números de 2019 “só deverá acontecer para 2023 ou 2024”, mas é preciso apostar na promoção do destino e na captação de voos a pensar neste inverno e em 2022.
“Nada está feito. A promoção da ilha é mal feita, a captação de voos é inexistente, sempre com os mesmos argumentos de que as companhias não querem voar para a Terceira, o que é falso. O que não existe é uma promoção correta da ilha Terceira e das restantes ilhas dos Açores”, acusou.
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Marcos Couto fala mesmo em “incompetência” e dá o exemplo da Madeira, que, diz, soube explorar a posição geográfica dos Açores para captar turistas.
“É confrangedor o que se vive no turismo nos Açores, com a total ausência de estratégia, com uma total ausência de promoção das ilhas. É dramático. Jogar dinheiro para cima das companhias é garantidamente a solução mais fácil, mas também é garantidamente a solução que não nos trará sucesso a longo prazo, porque não vai fidelizar companhias, nem clientes”, criticou.
Também o presidente da associação de turismo em espaço rural Casas Açorianas, Gilberto Vieira, proprietário de um alojamento na Terceira, defendeu que a ilha precisa de uma “ação promocional direcionada, rápida e urgente”, que possa atrair turistas neste verão e no início do outono.
“A Terceira, atendendo à oferta que já tem, acho que está a precisar de um S.O.S., de alguma promoção direcionada para o mercado nacional, que é o mercado de proximidade”, frisou.
Segundo Gilberto Vieira, a ocupação dos alojamentos na Terceira está melhor do que em 2020, mas a ilha “está abaixo dos níveis até de algumas ilhas mais pequenas”, que têm beneficiado do turismo interno, com o lançamento das tarifas aéreas interilhas a preços até 60 euros para residentes (ida e volta).
“A Terceira talvez seja a ilha, pela minha sensibilidade e pelo que observo, que está com menos resultados positivos”, apontou.
O presidente das Casas Açorianas disse acreditar que 2022 será o ano do “início da retoma”, mas salientou que há ainda “muita instabilidade” e que os Açores terão de competir com outros destinos mais experientes.
“Temos de contar com os outros destinos que vão apresentar por antecipação e com muita agressividade. Vai haver muita competição. Eu não sei de que meios nós dispomos em termos promocionais e não sei se temos “know-how” nos Açores, porque nós somos um destino novo”, alertou.
Orlando Cabral, proprietário de um hotel na cidade da Praia da Vitória, confirmou que a retoma se “começa a sentir”, mas “quase exclusivamente” com turistas do continente português e alguns de outras ilhas dos Açores.
“Ao nível de antes da pandemia ainda não estamos lá, mas já está muito melhor. Já está a recuperar”, contou.
Segundo o empresário, as pessoas estão a optar pelas reservas de última hora, mas as perspetivas para este verão “são boas”.
“Nos meses de julho e agosto está muito bom, com 80%, 90% de ocupação. O pior é de setembro em diante. Só dois meses não dão para rentabilizar os investimentos. É preciso faturar os 12 meses”, ressalvou.
Orlando Cabral considerou que será necessário aguardar “mais algum tempo” para voltar aos números de 2019, mas defendeu uma aposta em ligações aéreas diretas da Terceira para o estrangeiro, quando a população recuperar a confiança.
“Sem a pandemia estar ultrapassada, não é fácil fazer as pessoas viajarem, até porque há imposições dos governos. Portanto, temos de aguardar que a pandemia abrande para então investir em mercados que nos trarão clientes com poder de compra, como o inglês, o alemão, o americano…”, apontou.
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