O tecido empresarial está preocupado com a crise energética e a inflação, e querem respostas do Governo ao nível dos impostos. Entre as medidas defendidas estão a descida do IVA na energia, de forma generalizada, a possibilidade de abater mais despesas ao IRS e o ajustamento dos escalões.
É a conclusão do estudo da consultora EY sobre o Orçamento do Estado para 2023, onde, pelo quinto ano consecutivo, o sistema fiscal português recebe nota negativa por parte deste setor.
Os empresários criticam os atrasos na justiça fiscal e o excessivo peso dos impostos, pedindo para que no próximo ano existam alterações no IRS que ajudem a suportar a inflação, porque consumidores sem dinheiro não servem às empresas.
Em declarações à Renascença, Luís Marques, da consultora, afirma que “os escalões do IRS que deverão ser atualizados em função da taxa de inflação para que qualquer cidadão que tenha um aumento que acompanhe a taxa de inflação não veja a sua situação fiscal ser agravada”, para de seguida declarar que ao nível das deduções à coleta “devem ser incrementadas e também a forma como as taxas progressivas do imposto são calculadas e devem ser reformuladas, e os próprios limites quantitativos dos escalões devem ser ajustados”.
Reintrodução do apoio à criação de emprego jovem
O consultor da multinacional EY destaca ainda as alterações ao IVA, defendidas por 70% dos inquiridos: “Uma descida generalizada da taxa do IVA a todos os consumos de energia, estamos a falar de eletricidade e gás essencialmente. Isso até se sente mais ao nível das famílias do que propriamente nas empresas porque o IVA das empresas até tendencialmente é neutro, mas para as famílias isso claramente terá um impacto grande.”
De acordo com este estudo, 65% dos inquiridos pedem mexidas no IRC, nomeadamente a redução das taxas de tributação autónoma e da derrama estadual e o alargamento da utilização de prejuízos e créditos fiscais.
Ao nível dos benefícios, a prioridade é a reintrodução do apoio à criação de emprego jovem.
“O aumento das deduções fiscais, o próprio regime da tributação autónoma que incide sobre determinado tipo de despesas e nomeadamente o aumento expressivo dos combustíveis. Naturalmente, e não só, estamos a pagar mais impostos sobre os combustíveis, impostos indiretos e de ISP, como também as empresas vão ver a sua situação fiscal agravada ao nível do IRC.”
De acordo com este inquérito, 69% dos empresários defendem ainda a isenção de imposto de selo na compra de casas para arrendamento.
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