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As empresas de renting e leasing estão a negociar com o Ministério da Economia uma solução que permita ajudar as empresas a lidar com o fim das moratórias no crédito. Segundo Alexandre Santos, presidente da Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting, as linhas de financiamento que estão a ser desenhadas visam ajudar as empresas a ter um período de transição depois de terminar o prazo das moratórias. A solução ainda está a ser negociada, mas o objetivo é que seja acessível não só aos clientes das empresas associadas da ALF como a todas as empresas.
“Estamos a trabalhar em conjunto com o governo em linhas de apoio para empresas”, disse Alexandre Santos ao Dinheiro Vivo. “Temos a esperança de que durante o mês de junho possamos ter novidades”, adiantou. Frisou que os beneficiários destas linhas poderão ser novos clientes das associadas da ALF. “No fundo, são linhas de relançamento para as empresas”, salientou.
Para Alexandre Santos, esta solução que está a ser desenhada vem em linha da estratégia das empresas do setor de contribuir para apoiar as empresas durante a crise económica e de serem uma “voz ativa” com “instrumentos” de apoio à economia.
Portugal tem vindo a atravessar, desde março de 2020, uma das piores crises económicas de sempre devido às medidas adotadas pelo governo no âmbito da gestão da epidemia do novo coronavírus. As moratórias no crédito foram introduzidas logo no início da crise como forma de ajudar as empresas e as famílias, permitindo uma melhor gestão dos recursos financeiros disponíveis.
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A maior parte dos contratos de crédito abrangidos pela moratória legal, que inclui uma garantia estatal, vencem no final de setembro deste ano.
Um dos temas que está a ser negociado entre o governo e a ALF prende-se com o facto de no renting e no leasing as empresas não são serem proprietárias dos bens, o que coloca um entrave à obtenção de determinados apoios que exigem que os bens façam parte dos ativos das empresas. A ALF está a estudar a possibilidade de o Estado poder ser coproprietário de bens abrangidos por renting (aluguer operacional de veículos de longa duração) ou leasing (aluguer de veículos mas que não inclui serviços, ao contrário do renting)para que mais empresas possam beneficiar de apoios e linhas.
O tema da recuperação das empresas e da retoma económica deverá estar na agenda do Fórum que a ALF realiza esta terça-feira, a partir das 9.00, num formato online. O evento, que vai discutir o papel do financiamento especializado na recuperação da economia portuguesa, conta com a presença do secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, na abertura, e o encerramento será garantido pelo ministro do Planeamento, Nelson Souza. Também marcará presença no Fórum da ALF, Luís Máximo dos Santos, vice-governador do Banco de Portugal.
Setor recupera em abril
O mês de abril já trouxe uma recuperação para as empresas associadas da ALF. Segundo Alexandre Santos, depois de um primeiro trimestre ainda com quebras na produção face a igual período de 2020, o mês de abril mostrou haver uma tendência mais favorável. “O mês de março ainda não refletiu uma melhoria (da produção no setor) mas no mês de abril já se notou uma recuperação”, disse Alexandre Santos.
A ALF, que representa 36 empresas, anunciou que, no primeiro trimestre, o setor de renting (registou uma quebra de 15% na produção, enquanto que no factoring (operação de antecipação de receitas para resolver problemas de liquidez de curto prazo das empresas)a descida foi de 10% face a igual período do ano passado, para 7,4 mil milhões de euros em créditos tomados.
Para o futuro, a ALF destaca o papel que o setor pode vir a ter no desenvolvimento da economia circular e da economia verde. “O leasing e o renting são produtos que podem ajudar muito nesta vertente, podendo ter um papel determinante no fim de vida dos bens”, disse Alexandre Santos. Mas salientou que, por exemplo, no setor automóvel “não podemos demonizar a gasolina e o diesel”, apesar de defender que o setor gostaria de ver em Portugal mais “incentivos para o abate de viaturas”.
Desempenho em 2020
Em 2020, o factoring registou um decréscimo total de 6,9%, totalizando 31,5 mil milhões de euros em créditos tomados. Foi a primeira vez em seis anos que estas operações (que antecipam receitas às empresas) registaram uma quebra.
As viaturas adquiridas em renting em 2020 caíram 27,5% face a 2019, com um total de 27 115 veículos.. A produção anual registou uma quebra de 26,8%, para 557,3 milhões de euros. As operações de leasing caíram de 22,3%, para 2,4 mil milhões de euros.
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