//Empresas navegam à vista com temporários em 2021

Empresas navegam à vista com temporários em 2021

Das consultoras de recrutamento, ainda não se avista o futuro próximo no mercado de trabalho. Para 2021 há incerteza, com algumas expectativas de recuperação a partir da segunda metade do ano. Mas para atravessar aquela que se espera que seja a reta final da pandemia, com a chegada de vacinas e retoma nos níveis de confiança, o emprego do país ainda vai sofrer ajustamentos. As atividades do turismo, mais do que as outras, deverão continuar a largar trabalhadores, e o trabalho temporário será o recurso a que muitas empresas lançam mão para dar resposta a níveis de atividade instáveis.

“A incerteza vai manter-se e dificilmente algum algoritmo pode garantir o que vai ser o mercado e as tendências com muitas certezas”, afirma José Miguel Leonardo, CEO da Randstad, que espera “navegação à vista” até ao levantamento das condições. O resultado: cortes para trabalhadores permanentes, e contratação temporária até à recuperação.

“São muitas as empresas que já indicaram que vão reduzir efetivos e por isso existirá um crescimento nos programas de outplacement. Os modelos de contratação flexível como de interim management e de trabalho temporário podem ser uma opção para as empresas encontrarem flexibilidade para o seu crescimento e para os profissionais reduzirem tempos de integração”, prevê o executivo da Randtsad.

Os dados dos inquéritos mais recentes às empresas consultados pelo Dinheiro Vivo, apontam que entre 8% a 14% planeiam mandar embora trabalhadores no próximo ano. A média omite resultados muito díspares por setores que, no caso do último estudo do Banco de Portugal e do INE, oscilam entre 35% de cortes no alojamento e na restauração a 7% na construção e atividades imobiliárias. Já nos dados do último estudo trimestral da Manpower, com resultados líquidos entre expectativas de contratações e despedimentos, há 16% de perdas para os setores do turismo. No retalho, a redução esperada no nível de emprego é de 2%.

“As previsões avançadas pelos empregadores da restauração e hotelaria ou do retalho traduzem claramente a gravidade da crise que estes setores estão a viver, colocando milhares de postos de trabalho em risco”, refere Rui Teixeira, COO da Manpower, no estudo que avança projeções para o primeiro trimestre de 2021.