O Banco de Portugal assegura que as medidas adotadas evitaram que a crise económica provocada pela pandemia chegasse ao setor financeiro, mas “a crise interrompeu o processo de ajustamento da economia portuguesa”.
A consequência mais visível é o “aumento da dívida, em particular nas administrações públicas e nos sectores de atividade mais afetados pela crise”, indica o regulador no Relatório de Estabilidade Financeira, conhecido nesta segunda-feira.
O relatório aponta as principais vulnerabilidades e riscos que ameaçam neste momento a estabilidade financeira, como a retirada dos apoios “numa situação de endividamento elevado e de atividade ainda deprimida em alguns setores”, o que “potencia a materialização do risco de crédito”.
O elevado endividamento do setor público contribui para a vulnerabilidade da economia portuguesa.
No mercado imobiliário, as dificuldades de financiamento podem diminuir a procura de casa em Portugal por parte de estrangeiros, baixando o preço. É ainda possível uma “queda adicional dos preços” no mercado comercial, na sequência da registada em 2020 para alguns segmentos (retalho e hotéis).
O Banco de Portugal alerta ainda para a possibilidade de os mercados financeiros internacionais corrigirem, empurrados por uma maior exposição a ativos de baixo valor e apoiados por bancos com menor liquidez.
Na banca, perspetiva-se baixas rendibilidades e mais o reforço das ligações com o Governo, através “da exposição à dívida pública e da concessão de crédito com garantia pública”.
O banco central conclui que “as vulnerabilidades e riscos elencados evidenciam interdependências entre setores económicos, que devem ser tidas em consideração na formulação de políticas promotoras da estabilidade financeira”.
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