//Energia dá gás aos lucros e dividendos da bolsa

Energia dá gás aos lucros e dividendos da bolsa

Num ano ainda marcado pelo impacto da pandemia, os lucros das empresas da bolsa portuguesa cresceram de forma significativa e os dividendos distribuídos aos acionistas vão bater recordes. A energia foi um dos setores a dar gás aos resultados do PSI, valendo mais de metade dos resultados de 2021 das cotadas nacionais. E as empresas desta área irão pagar 58% dos dividendos totais que serão distribuídos nas próximas semanas.

No exercício de 2021, as 15 cotadas do PSI alcançaram lucros consolidados superiores a 3,5 mil milhões de euros, superando os valores pré-pandemia. Deste bolo – para o qual contribuíram empresas como a Jerónimo Martins, BCP, NOS, Navigator ou CTT – mais de 50% foi oriundo de empresas do setor energético, nomeadamente da EDP, EDP Renováveis, Galp, REN e Greenvolt. Os lucros destas cotadas aumentaram mais de 30% para 1,9 mil milhões de euros. Um desempenho que pode ser explicado pela aposta na transição energética no Velho Continente e à escala global. Uma tendência que segundo o diretor-geral da XTB Portugal não deverá mudar no curto prazo, “uma vez que o prémio por investir neste setor é historicamente forte e porque o financiamento da União Europeia para a transição para uma economia mais verde passa, claro, principalmente pelo setor energético”, explicou ao DN/Dinheiro Vivo Eduardo Silva.

Com a recente revisão do índice de bolsa nacional, que passou de 18 para 15 empresas, a energia ganhou ainda maior relevo, comentou Steven Santos. “A energia tornou-se o setor mais importante e é, ao mesmo tempo, um setor diversificado, por abranger petrolíferas, eletricidade e energias renováveis”, detalhou o gestor do BIG. E considerando os objetivos de transição energética na Europa e o potencial de crescimento das energias renováveis em Portugal, Steven Santos vê “espaço para esta tendência se reforçar”.

Uma opinião partilhada por João Queiroz. O head of trading do Banco Carregosa considera que com a “necessária e relevante” transição energética em curso e a conversão das petrolíferas, o setor de energia no PSI representará aproximadamente 65% do somatório das avaliações ao preço de mercado (ou capitalização bolsista). Esta concentração acabou por ser decisiva, atendendo “à assumida relevância destas empresas”, sobretudo, desde 24 de fevereiro com a invasão da Ucrânia, relembrou. Porém, João Queiroz considera que o índice nacional necessitaria de estar “mais diversificado e polarizado, pois, se adicionarmos as duas papeleiras, a percentagem de concentração setorial incrementa para 71%”.