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Terminou ontem aquele que é considerado um dos maiores eventos dedicados às energias renováveis: o Portugal Renewable Energy Summit 2023. E a principal conclusão é a de que Portugal, a par de Espanha, tem uma oportunidade de ouro para estar na dianteira. Isto implica um maior peso no PIB nacional, a possibilidade de criar oportunidades de negócio – nomeadamente na indústria, com especial ênfase na metalomecânica – e atrair investimento estrangeiro.
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Entre as várias energias renováveis, duas ganharam especial destaque: o hidrogénio verde e a eólica offshore.
No caso do hidrogénio verde, Ana Barillas, head of Iberia & LATAM na Aurora Energy Research, afirmou que Portugal e Espanha têm perfis complementares de energia eólica e solar, o que considera ser uma vantagem considerável. “Portugal e Espanha estão bem posicionados para a produção de hidrogénio”, afirma convicta a executiva.
Quanto à produção e distribuição do hidrogénio, há que ter em consideração os custos de armazenamento. Ao que Ana Quelhas, managing director for Hydrogen na EDP acrescentou que mesmo o transporte a curta distância encarece várias vezes o custo do hidrogénio. Sérgio Goulart Machado, head of Hydrogen na Galp, acrescentou que “transportar hidrogénio (verde) será sempre complicado e caro”. Mesmo porque, lembrou Ana Quelhas, não há, hoje, uma logística de transporte de hidrogénio (verde) implementada. Face a isto, a noção – pelo menos para já – é de que a produção desta energia deve estar relativamente perto do seu consumo. Outra mensagem que os intervenientes no painel dedicado ao hidrogénio tentaram passar foi a de que é crítico que se consiga atingir os 90% de energias renováveis na rede. Sobre isto, Sérgio Goulart Machado afirmou não estar muito convicto de que seja possível atingir esses valores até 2030. No caso específico de Portugal, que tem um relacionamento muito próximo a Espanha (é o primeiro país a quem recorre sempre que tem de comprar energia), o facto de todas as importações, como explicou o executivo da Galp, serem consideradas como energias fósseis, dificulta a situação.
Independentemente dos desafios a ultrapassar, a opinião generalizada é a de que Portugal (e Espanha) tem aqui uma oportunidade de se industrializar como nunca teve. Uma opinião que foi substanciada no painel dedicado à eólica offshore. Gisela Santos, diretora da Unidade de Gestão e Engenharia Industrial no INEGI apontou que setores como a metalomecânica têm aqui uma oportunidade de ouro, dado que serão necessários todo um conjunto de componentes para instalar as “quintas” previstas. Mas também a nível da produção de sistemas de amarração, de cabos de energia e competências elétricas para a produção das torres.
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A importância da energia éolica offshore foi reforçada por João Duarte, professor e investigador da Nova School of Business and Economics (SBE), que apresentou alguns dos resultados de um estudo sobre o impacto que o setor terá na economia portuguesa. Segundo o investigador, o pico do investimento direto deverá ocorrer em 2029, um ano antes de os parques entrarem em operação. Nessa data, as eólicas offshores deverão representar 2,7% do investimento direto no país. O investigador considera que o leilão será um dos projetos mais importantes para o país – “se for implementado”. E acrescenta que “podemos esperar que, nos próximos cinco anos, este projeto contribuirá com 0,1 pontos percentuais para o crescimento económico de Portugal, o que é significativo”. Também importante é o impacto nos postos de trabalho: cerca de 16 mil por ano.
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