Os especuladores desfizeram-se de uma posição avaliada em quase 30 milhões de euros nos CTT em seis meses. Desde o início de junho, os short sellers reduziram o seu peso nos Correios em 5,72%. As posições curtas – aposta na queda dos títulos – chegaram a representar 10,44% dos CTT há seis meses. Agora, pesam 4,72%. A maior posição curta, de 1,39%, é detida pela Connor, Clark & Lunn. A Marshal Wace tem 0,98%, a WorldQuant passou a deter uma posição short de 0,67% no dia 22 de novembro e a BlackRock tem uma aposta de 0,59%.
“Os CTT têm demonstrado, nos últimos meses, estar a tirar partido da sua base de utilizadores de forma inovadora, tendo estabelecido várias parcerias que permitem uma diversificação das suas receitas e potenciam boas oportunidades com a introdução de novas áreas de negócio”, explica José Correia, gestor de conta na corretora XTB.
Os CTT firmaram recentemente diversas parcerias para a distribuição de encomendas. Entre os parceiros estão a AliExpress, do gigante chinês Alibaba, a sueca IKEA, a Sonae, a China Post e a Shiptmize. De patinho feio do índice PSI 20, os CTT passaram a ser o título com mais ganhos nos últimos seis meses, ao valorizar 15%. Aliás, além dos CTT, só a NOS regista uma subida – 2,3% – no mesmo período, já que os restantes títulos sofreram quedas. O PSI 20 perdeu 16%.
“A cotação bolsista dos CTT está a recuperar no curto/médio prazo, e a estratégia disruptiva implementada tem beneficiado uma valorização do ativo desde finais do segundo trimestre, possibilitando um acréscimo de cerca de 24,62% para quem comprou ações nesse período”, destaca. Em comparação, o alemão Deutsche Post desvalorizou 18% e o britânico Royal Mail perdeu 38,3%. Mas o saldo este ano ainda é negativo, com as ações dos CTT a registar uma queda de 7,8%. Desde o início do ano, o PSI 20 soma perdas de 11%. E a cotação dos CTT, atualmente na casa nos 3,35 euros, está longe dos 5,52 euros da estreia em bolsa, no final de 2013. Chegou a estar nos 10,64 euros em abril de 2015.
Reestruturação pesa
Os CTT estão a passar por uma fase de reestruturação, com o encerramento de estações e a transformação da sua rede. A empresa tem vindo a abrir postos de atendimento e a substituir as antigas estações, criando uma rede mais leve e com menores custos.
O grupo vai investir 40 milhões de euros na modernização da operação postal e logística para reforçar a automatização da separação de correio e modernizar a sua rede. Este plano de transformação operacional acarreta custos que pesam nos lucros, já de si afetados pela quebra que se regista no tráfego postal numa economia cada vez mais digitalizada. Nos primeiros nove meses deste ano, o lucro líquido dos CTT caiu 49% para 9,9 milhões de euros. Os gastos com o plano de reestruturação ascenderam a 16,3 milhões de euros. Os rendimentos de correio cresceram 0,9%.
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