Segundo o INE, a receita com a taxa sobre embalagens de plástico ficou aquém, teve um encaixe no último ano de pouco mais de 3 milhões, quando estavam previstos, cerca de 20 milhões. A medida deve ser repensada?
Acho que não, penso que teve efeito. As taxas especiais não pretendem ter uma receita especial, mas mudar comportamentos. Nós todos podemos testemunhar que em Portugal existiram mudanças neste aspeto e, por isso, é natural que a receita seja menor, porque deixou praticamente de se utilizar embalagens de plástico. É esperado que se mudem comportamentos e que deixe até quase de existir receita.
Na apresentação do Orçamento, o ministro das Finanças fez questão de sublinhar, até mais do que uma vez, que os impostos sobre o consumo não eram atualizados e que não havia agravamento, por exemplo, do ISP. Concorda com esta avaliação do ministro, tendo em conta que a taxa de carbono é atualizada?
É discutível. Percebo que possa no fim não haver grande aumento mas, só fazendo contas, só depois de vermos na prática como é que vai funcionar o ajustamento da taxa de carbono.
Nem os contabilistas conseguem dizer se vamos ficar a pagar mais ou menos pelos combustíveis?
Não, nós não olhamos muito para essa área, não fizemos uma avaliação sobre essa questão.
Os reformados pedem um aumento de 5% do valor das pensões, o ministro das Finanças já prometeu avaliar se haverá margem para um aumento extraordinário a meio do ano. Acha viável este aumento de 5%?
Eu acho que é muito difícil, face aos números e toda a parte orçamental apresentada, haver margem para os aumentos que todas as atividades, reformados e depois dentro das atividades que estão no ativo, ainda estão a pedir.
Nada disto é elástico, costumo dizer muitas vezes, tem de haver uma redução da despesa pública e não um aumento. Para se aumentarem as reformas, para se aumentarem os salários dentro da administração pública, tem de se encolher do outro lado, a receita também não consegue aumentar muito mais, é preciso equilibrar estas situações.
Os salários e os reformados têm pedido e têm tido aumentos extraordinários, como todos sabemos. Todos os salários necessitam de ser aumentados em Portugal, quer a nível privado, quer a nível público, quer a nível dos reformados, obviamente que sim. Mas têm que existir condições para isso.
Se a economia reagir bem, corresponder à expectativa, poderá haver essa possibilidade de aumento a meio do ano. Mas, com muita cautela, com a avaliação do que vai acontecer em relação à produtividade, àquilo que a economia vai trazer em termos de resultados.
Neste momento ainda não há nenhuma certeza sobre se o Orçamento passa ou não. O PS já devia ter anunciado qual é a sua posição de voto?
Do ponto de vista político, não me pronuncio. Cabe a cada partido gerir a sua pressão, as suas expectativas.
Do ponto de vista económico, acho que o ideal para qualquer país é haver estabilidade. Obviamente que não havendo um governo com maioria não significa que não possa haver estabilidade, acho que os acordos têm que existir, tem que haver cedência de todas as partes e acho que o ideal é manter-se o governo e dar continuidade.
Ainda há pouco tempo fomos a eleições e a perspetiva em termos das sondagens que existem é que não vai mudar muito mais, portanto, o ideal é que o Orçamento seja aprovado e se dê continuidade à política que está a ser seguida.
Sem um Orçamento, é preferível uma gestão por duodécimos a eleições antecipadas?
Face às últimas sondagens, acho que é. Enfim, se elas forem corretas e se corresponderem à realidade. Parece que não existirá muita diferença, portanto, se não existe diferença, será melhor os duodécimos do que propriamente eleições antecipadas.
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