//Estado gastou 469 milhões de euros com as PPP em 2018

Estado gastou 469 milhões de euros com as PPP em 2018

Já há mais hospitais privados do que públicos em Portugal. No ano passado, o Estado pagou 469,184 milhões de euros em exames e análises aos privados, mais 20 milhões do que em 2017, revela a reportagem “O Negócio da Saúde”, transmitido esta terça-feira, na RTP.

Salvador de Mello (José de Mello Saúde), Isabel Vaz (Luz Saúde) e Vasco Antunes Pereira (Lusíadas) são os rostos de três impérios que juntos, movimentam 1,5 mil milhões de euros por ano.

O grupo José de Mello Saúde, detentor dos hospitais Cuf, gere ao abrigo das parceiras público-privadas (PPP) o hospital de Vila Franca de Xira e o de Braga. O Estado paga ao grupo 220 milhões de euros por ano por esta gestão. Salvador de Mello reconhece o trabalho realizado na unidade de Braga, que foi distinguido como o melhor hospital do país pela Entidade Reguladora da Saúde, mas afirma que, do ponto de vista do negócio, perderam “muito dinheiro”.

O dono da Cuf fatura 660 milhões de euros por ano.

“Parece que o Estado fez estas parcerias porque precisava de dinheiro. Foi um casamento por interesse”, diz Isabel Vaz, CEO do Luz Saúde. O Estado paga 100 milhões de euros ao grupo Luz Saúde para gerir o hospital Beatriz Ângelo. “Temos resultados negativos com a parceria”, destaca.

A faturação do Luz Saúde ascendeu aos 544 milhões de euros no ano passado. O grupo está a construir uma nova unidade em Lisboa para somar às 29 já existentes, um investimento de 100 milhões. Nova unidade vai contratar entre 800 a 900 novos profissionais, conta Isabel Vaz.

O grupo Lusíadas tem 10 unidades de saúde no país. Fatura 300 milhões de euros por ano. Sob a sua gestão, no âmbito das PPP, tem o hospital de Cascais, recebendo 75 milhões de euros do Estado para o fazer.

“Nós temos uma focalização no cliente muito diferente daquilo que tem sido o nosso SNS”,afirma Vasco Antunes Pereira.

Os privados têm cada vez mais peso na vida dos portugueses. Em 2018, o império José de Mello Saúde realizou 2639 milhões de consultas. Com 18 clínicas e hospitais em Portugal, a Cuf Descobertas duplicou. A obra ainda não tem um ano, e o grupo já tem data de abertura para a Cuf Tejo, um investimento de 150 milhões de euros.

“As tendências do setor são muito claras, as necessidades de saúde são crescentes, o envelhecimento da população é um fator que leva a que as pessoas tenham de procurar cada vez mais cuidados de saúde”, defende Salvador de Mello.

O futuro das PPP na saúde é incerto, com o hospital de Braga em processo de reversão da gestão para o Estado (a 1 de setembro deste ano passa a ser gerido por uma equipa do SNS), por falta de entendimento com a José de Mello Saúde para a prorrogação do atual contrato e também não foi lançado, entretanto, um novo concurso público. Em Cascais, o contrato foi estendido, mas também ainda não há novo concurso e em Vila Franca de Xira, a Administração Regional de Saúde está a negociar com o grupo José de Mello Saúde uma possível extensão do contrato que ainda está em vigor e que termina em 2021. O contrato da Luz Saúde com o Estado no Hospital e Loures termina em 2022.

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