//Estado recuperou 407 milhões da garantia ao BPP. Falta reaver 43 milhões

Estado recuperou 407 milhões da garantia ao BPP. Falta reaver 43 milhões

Mais de uma década depois da liquidação do Banco Privado Português (BPP), o Estado ainda não recuperou a totalidade da garantia concedida ao banco. No total, foram reembolsados 407 dos 450 milhões das garantias prestadas à instituição fundada por João Rendeiro, e não há data para reaver os restantes 43 milhões de euros.

“Até ao momento, o Estado português recuperou cerca de 407 milhões de euros. O processo de recuperação continua em curso”, avançou fonte oficial do Ministério das Finanças ao DN/Dinheiro Vivo quando questionado se o reembolso do montante em falta estava previsto para este ano. Só depois da totalidade da dívida ser paga ao Estado é que os credores comuns poderão receber os valores em falta, o que leva a associação de lesados do BPP a temer que, face às despesas da comissão liquidatária, “há o risco de acabarem por não receber nada”, como explicou Jaime Antunes, presidente da Privado Clientes, organização que representa os particulares lesados pelo BPP.

A recuperação total da garantia estatal do BPP esteve prevista para 2017. Porém, nesse ano, só entraram para os cofres do Estado 73 milhões de euros, um sexto do que esperava conseguir. Uma situação que se tem repetido nos últimos anos, com o Estado a recuperar uma parcela inferior face às estimativas registadas. Agora, as Finanças preferem não avançar com um calendário concreto. Mas o presidente da associação de lesados do BPP acredita que o montante em falta poderá ser ressarcido em breve. Aliás, Jaime Antunes confessa que não percebe os motivos pelos quais a comissão liquidatária “paga aos poucos”. Na visão do responsável, ao contrário do que aconteceu com outros bancos, “o BPP não vai ser um encargo para os contribuintes”. E explica porquê: “Há dinheiro na massa falida suficiente para pagar ao Estado. O Estado no BPP perde rigorosamente zero, e vai com certeza a curto prazo receber o resto” do valor em falta, acrescentou Jaime Antunes, que também lidera a Liminorke, atualmente a maior credora do BPP com 53 milhões de euros em dívida.

O colapso do BPP, banco direcionado para gestão de fortunas, começou em 2008, quando a instituição já apresentava dificuldades financeiras. Face a este cenário, um sindicato de seis bancos concedeu um empréstimo de 450 milhões de euros, garantido pelo Estado. No dia 16 de abril de 2010, quando o supervisor retirou a autorização para o exercício da atividade bancária ao BPP, e perante a falência do banco, as instituições financeiras acionaram a garantia de 450 milhões de euros. Em troca, o Estado ficou com o estatuto de credor privilegiado.

No verão desse mesmo ano foi noticiado que a Comissão Europeia tinha concluído que a garantia do Estado português sobre este empréstimo foi um auxílio estatal “ilegal e incompatível” e, nesse sentido, ordenou às autoridades nacionais a recuperação do auxílio.

As queixas dos lesados