//Estado volta a atrasar-se nos pagamentos a fornecedores

Estado volta a atrasar-se nos pagamentos a fornecedores

O Estado voltou a atrasar os pagamentos a fornecedores. A denúncia é feita pelo movimento Compromisso Pagamento Pontual. No final de setembro, o Estado tinha 425 milhões de euros de dívidas a fornecedores, a 90 dias.

O coordenador o movimento, Jorge Líbano Monteiro, diz à Renascença que estes valores acabam por contrariar a política anunciada pelo Governo em março, altura em que identificou “como prioridade do combate à crise a regularização dos pagamentos atrasados, principalmente aqueles a mais de 90 dias”.

“Depois de, até maio, ter havido uma diminuição do montante em dívida do Estado, a partir de junho o valor voltou a aumentar e é o quarto mês consecutivo em que esse valor está a aumentar”, acrescenta.

No bom caminho continua o poder local, afirma Jorge Líbano Monteiro, mas esta crise pandémica parece querer mudar essa tendência.

“Em relação às administrações regionais, ainda não encontramos, neste estudo, uma diferença dos prazos de pagamentos efetuados e, portanto, continuam nesta lógica exemplar que a maior parte das Câmaras do país têm vindo a desenvolver. No entanto, o que sentimos aqui é alguma indicação do começo de algumas desculpas em relação também aos prazos de pagamento”, refere.

Quanto às empresas privadas, não há grandes mexidas desde janeiro. A crise não veio alterar os prazos de pagamento e cerca de 55% das organizações acabam por pagar até 30 dias.

“É interessante perceber que, em relação à crise que estamos a viver, ainda não alteraram muito os prazos de pagamento, o que é uma coisa interessante, que já tínhamos visto também durante todo o período da troika”, refere o coordenador do movimento à Renascença.

Segundo Jorge Líbano Monteiro, “cerca de 14,5% das empresas pagam no prazo, até no prazo correto, e temos aqui mais um conjunto de cerca de 55% de empresas que acabam por pagar até 30 dias”.

Mas o apelo impõe-se: “durante a crise, e durante esta pandemia, ainda é mais importante pagar a horas”.

“É sempre importante, mas, nesta altura em que há menor liquidez na economia, é essencial e o nosso apelo é que, todos aqueles que podem pagar a horas o façam, porque dessa forma estão a contribuir para o crescimento de Portugal e ao mesmo tempo para o bem da sua própria empresa”, reforça.

“Aquilo que acontece muitas vezes é que o pagamento, quando não é feito de forma pontual, cria aqui um ciclo vicioso em que os pagamentos começam a diminuir entre as empresas e depois, a partir daí, somos todos que sofremos com esta falta de pagamento”, explica.

Por isso, o pedido é que se faça “o contrário: criar aqui um ciclo virtuoso, em que cada um paga, na medida em que pode, dentro dos prazos. A partir daí, cria aqui um ambiente melhor para fluir os pagamentos e para haver aqui uma capacidade de as empresas sobreviverem à crise”.

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