//Estados deram 6,5 biliões em ajudas à banca, mas controlo de Bruxelas é fraco

Estados deram 6,5 biliões em ajudas à banca, mas controlo de Bruxelas é fraco

Os Estados da União Europeia (UE) aprovaram ajudas aos bancos no valor de 6,5 biliões de euros (milhões de milhões) desde 2008, indica um levantamento feito pelo Tribunal de Contas Europeu (TCE), divulgado esta quinta-feira. Cerca de 1,5 biliões de euros foram ajudas em instrumentos de reforço de capital; a fatia de leão, cerca de 5 biliões de euros, foram ajudas em instrumentos de liquidez imediata (ver gráfico em baixo).

A instituição sediada no Luxemburgo diz que a Comissão Europeia, que é a entidade responsável por controlar a legalidade dos auxílios de modo a que estes sejam equilibrados face às reais necessidades e não distorçam a concorrência, diz que Bruxelas até “dispõe dos poderes legais e dos recursos necessários para controlar os auxílios estatais concedidos às instituições financeiras”.

No entanto, segundo a avaliação dos juízes da UE, a Comissão “nem sempre esteve em condições de os utilizar plenamente” para efetivar o necessário controlo previsto na lei.

“Entre 2013 e 2018, verificaram-se insuficiências tanto na avaliação da compatibilidade, como no acompanhamento do desempenho. Além disso, embora as regras de controlo dos auxílios estatais fossem em geral claras e simples, elas não são alteradas desde 2013, apesar de o contexto ter sofrido grandes alterações”. “O TCE recomenda que as regras em vigor sejam reavaliadas.”

Segundo dados da própria Comissão (DG Comp, a direção-geral da concorrência) consultados pelo Dinheiro Vivo, embora o setor financeiro não tenha usado tudo o que foi colocado ao seu dispor pelos governos (verbas que assumiram proporções especialmente elevadas nos anos de chumbo da crise, entre 2008 e 2012), a verdade é que “continua a ser o maior beneficiário das ajudas de Estado”, observa o auditor europeu.

Até 2017, os dados mostram que os bancos da UE usaram mais de 38% das ajudas postas ao seu dispor pelos contribuintes europeus. Ou seja, cerca de 2 biliões de euros.