//Estrangeiros responsáveis por 78% do investimento em imobiliário em 2019

Estrangeiros responsáveis por 78% do investimento em imobiliário em 2019

O capital estrangeiro continua a dominar o imobiliário em Portugal. Em 2019, os investidores internacionais foram responsáveis por 78% do montante aplicado em imóveis, revelou esta quinta-feira a consultora Cushman & Wakefield. Ainda assim, os investidores nacionais mais do que duplicaram o seu peso no mercado face ao ano anterior, para um total investido de 602 milhões de euros.

Segundo a análise da Cushman, a maior parte dos investidores que escolheram o imobiliário português tem origem na Europa. Os alemães ocupam o primeiro lugar do top de investidores, por terem investido 680 milhões de euros. Seguem-se os norte-americanos, com 300 milhões, enquanto os espanhóis fecham o pódio, com um total investido de 294 milhões de euros.

A Cushman estima que, no total, tenham sido investidos perto de três mil milhões de euros em imobiliário comercial em 2019, um valor muito próximo do concretizado no ano anterior, em que foram batidos recordes. Os valores ficam ligeiramente acima das previsões da consultora JLL, também divulgadas hoje, que apontam para 2,8 mil milhões de euros.

Apesar do bom desempenho, notou-se no mercado “uma procura ativa e limitada pela escassez de oferta de produto de qualidade,” destaca Eric van Leuven, diretor-geral da consultora em Portugal.

As contas da consultora revelam que a atividade de promoção e reabilitação urbana terá ultrapassado “substancialmente” os mil milhões de euros em investimento. As grandes operações do ano foram a compra de um projeto residencial em Marvila pela VIC Properties ao Novo Banco por €140 milhões e a aquisição dos ativos da Herdade da Comporta pelo consórcio Vanguard Properties e Amorim Luxury à Gesfimo, por 147 milhões de euros.

No segmento de escritórios foram investidos 990 milhões de euros, cerca de 36% do total investido em imóveis comerciais, seguindo-se o setor do retalho, que atraiu 970 milhões em investimento. Foram comercializadas 810 lojas ao longo do ano, o equivalente a 256 mil metros quadrados. O comércio de rua representou 64% das operações.

Na hotelaria destacou-se a venda do portfolio Tivoli pela Minor à Invesco por 313 milhões de euros. A consultora ressalva ainda a crescente aposta dos investidores em segmentos “menos tradicionais”, como as residências de estudantes, que deverá manter-se em 2020.

A agitar também a dinâmica do mercado no ano que passou estiveram as operações de venda de carteiras de ativos e crédito mal parado dos bancos. “Ao longo de 2019, a banca prosseguiu com a limpeza dos seus balanços, trazendo novas oportunidades a um segmento marcado pelo peso do investimento estrangeiro, e que começou a entrar num período de maturidade”, lê-se na análise da consultora.

Em 2020 a Cushman mantém o “otimismo”, devido à “expectável manutenção do baixo nível das taxas de juro, e a popularidade de Portugal como destino de investimento”. Estes fatores deverão suplantar a previsível “instabilidade internacional e um menor potencial de crescimento da economia mundial”.

Atualmente, há dois mil milhões de euros de transações em “diversas fases de negociação”, que fazem prever um volume de investimento próximo do registado em 2018 e 2019.

O diretor-geral da Cushman apela ainda ao Governo que “passe a tratar o setor imobiliário com o carinho que merece uma indústria que foi em grande parte responsável pela recuperação económica e do emprego, e não apenas como uma fonte inesgotável de impostos”.

O responsável critica as alterações à Lei do Arrendamento, que irão “onerar novamente os senhorios” e criar “um regime de direitos de preferência impraticável e que matou à nascença a possibilidade de um mercado institucional de arrendamento habitacional, tão necessário e tão comum noutros países”.

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