Um estudo de investigadores do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) na Universidade do Algarve (UAlg) sobre cultivo de peixes em aquacultura serviu de base para a discussão da problemática da proteção dos animais durante o transporte na Europa.
A pedido do Parlamento Europeu (PE), o grupo em etologia e bem-estar animal do CCMAR elaborou uma revisão crítica sobre as “práticas de transporte de peixes” e as “recomendações existentes”, mas também sobre as “possíveis soluções para o melhorar”, revelou à Lusa João Saraiva um dos autores do estudo, juntamente com Pablo Arechavala-Lopez e Maria Cabrera.
“Olhámos para o que acontece quando o peixe é transportado, identificámos os pontos onde sofre impactos e fizemos recomendações em como isso pode ser melhorado”, afirmou o coordenado do grupo.
Tendo em conta o aumento da produção de peixes cultivados em aquacultura e que são transportados pelo menos uma vez na sua vida, quer como larvas, juvenis e/ou como adultos, o seu bem-estar é um preocupação do PE.
O documento abrange o bem-estar animal das sete principais espécies de peixes de aquacultura na União Europeia (EU): salmão, truta, dourada, robalo, carpa, peixe-gato e pregado, procurando “fundamental a discussão, primeiro no parlamento e depois em pareceres que procuram mudar a lei ou criar novas diretivas europeias”, esclareceu.
No estudo, os autores concluem que o transporte vivo afeta diretamente o bem-estar e a sobrevivência dos peixes, mas também a qualidade do produto que chega à mesa dos europeus, apontando tanto os “bons como os maus exemplos encontrados na colheita, transporte e à chegada do peixe”.
Muitas das consequências podem não ser detetadas “no imediato”, provocando uma mortalidade que “ninguém quer”, mas se foram seguidas as boas práticas, os problemas “não vão existir” já que os animais vão “crescer melhor, ter melhor qualidade e mais resistência às doenças”, destaca.
No caso da colheita, em vez de ser feita com redes, onde se “retira o peixe de dentro de água” e se voltar a colocar em tanques, sugere-se que possa ser feita por “sucção suave”, com os animais a nunca saírem de dentro de água e tendo em conta as diferenças entre o meio de cultivo e transporte.
A qualidade da água também se vai “deteriorando ao longo das horas ou dias” que dura a deslocação, podendo “aquecer ou perder oxigénio” o que aumenta o “stress” dos animais.
“Existem linhas guia para estes procedimentos, mas não implica que sejam cumpridas e nós propomos medidas adicionais que passam por, não só monitorizar a qualidade da água mas ter sistemas de reserva que a possam corrigir, por exemplo repondo os valores de oxigénio”, exemplificou o coordenador do grupo.
Um outro ponto destacado por João Saraiva é que muitos dos parâmetros que têm de ser observados são “específicos de cada espécie de peixe”, algo que não acontece com outros animais de pecuária. No caso dos porcos, vacas ou ovelhas já muito se sabe sobre “as suas necessidades”, o mesmo não acontecendo no caso peixes.
“O que é bom por um robalo, não é bom para uma dourada, de certeza que não é bom para um linguado e é péssimo para um peixe-gato”, destacou.
O trabalho dos três biólogos incluiu também uma análise entre a distância das recomendações da OIE – Associação Mundial da Saúde Animal e das diretrizes europeias que “não acompanham” as linhas orientadores, “não havendo nenhuma razão para o fazerem a não ser a inércia”, realçou.
“O relatório constatou o que realmente está acontecer e que a UE poderia já ter feito alguma coisa sobre isso, porque é não se fez? Como é que pode proceder agora para melhor a situação?”, questionou destacando que a “batata quente” está agora nas mãos dos eurodeputados.
A discussão do documento decorreu no passado dia 25 de maio, tendo suscitado tanto elogios do parlamento, como questões pertinentes da parte de várias bancadas parlamentares sobre quais os passos a dar para resolver estas questões.
No caso da colheita, em vez de ser feita com redes, onde se “retira o peixe de dentro de água” e se voltar a colocar em tanques, sugere-se que possa ser feita por “sucção suave”, com os animais a nunca saírem de dentro de água e tendo em conta as diferenças entre o meio de cultivo e transporte.
A qualidade da água também se vai “deteriorando ao longo das horas ou dias” que dura a deslocação, podendo “aquecer ou perder oxigénio” o que aumenta o “stress” dos animais.
“Existem linhas guia para estes procedimentos, mas não implica que sejam cumpridas e nós propomos medidas adicionais que passam por, não só monitorizar a qualidade da água mas ter sistemas de reserva que a possam corrigir, por exemplo repondo os valores de oxigénio”, exemplificou o coordenador do grupo.
Um outro ponto destacado por João Saraiva é que muitos dos parâmetros que têm de ser observados são “específicos de cada espécie de peixe”, algo que não acontece com outros animais de pecuária. No caso dos porcos, vacas ou ovelhas já muito se sabe sobre “as suas necessidades”, o mesmo não acontecendo no caso peixes.
“O que é bom por um robalo, não é bom para uma dourada, de certeza que não é bom para um linguado e é péssimo para um peixe-gato”, destacou.
O trabalho dos três biólogos incluiu também uma análise entre a distância das recomendações da OIE – Associação Mundial da Saúde Animal e das diretrizes europeias que “não acompanham” as linhas orientadores, “não havendo nenhuma razão para o fazerem a não ser a inércia”, realçou.
“O relatório constatou o que realmente está acontecer e que a UE poderia já ter feito alguma coisa sobre isso, porque é não se fez? Como é que pode proceder agora para melhor a situação?”, questionou destacando que a “batata quente” está agora nas mãos dos eurodeputados.
A discussão do documento decorreu no passado dia 25 de maio, tendo suscitado tanto elogios do parlamento, como questões pertinentes da parte de várias bancadas parlamentares sobre quais os passos a dar para resolver estas questões.
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