Os bancos centrais não vão conseguir controlar a inflação se os governos não forem prudentes na condução das suas políticas orçamentais. É esta a conclusão de um estudo apresentado hoje na conferência da Reserva Federal norte-americana em Jackson Hole, nos Estados Unidos, que reúne representantes de bancos centrais de todo o mundo.

” Se o aperto monetário não for suportado pela expectativa de ajustamentos orçamentais apropriados, a deterioração dos desequilíbrios orçamentais conduzirá a uma ainda maior pressão inflacionária”, defendem Francesco Bianchi, da Universidade Johns Hopkins, e Leonardo Melosi, da FED de Chicago, citados pela agência Reuters.

O descontrolo da despesa por parte dos governos deixará impotentes os bancos centrais: “Como resultado, um círculo vicioso de subida de taxas de juro nominais, subida da inflação e dívida a aumentar poderia surgir”, defendem os autores do paper. “Nesta situação patológica, o aperto monetário poderia até promover inflação mais elevada e desencadearia uma estagflação orçamental perniciosa”, acrescentam.

Os governos aumentaram a despesa pública nos últimos anos por causa da pandemia de covid-19, o que também contribuiu para o aumento da inflação. E agora é a altura de apoiarem a política monetária, cortando despesa ou aumentando impostos, sustenta o estudo.