//Euribor a descer. “Indicadores mostram que o abaixamento da inflação veio mesmo para ficar”

Euribor a descer. “Indicadores mostram que o abaixamento da inflação veio mesmo para ficar”

As taxas Euribor desceram, na terça-feira, para novos mínimos de mais de um ano a 3, a 6 e a 12 meses. E isso é uma boa notícia – à partida – para quem tem um crédito à habitação.

Em declarações à Renascença, o economista João Duque diz que os dados mais recentes relativos à inflação, quer nos EUA como na Europa, “são muito favoráveis”.

Por isso mesmo, antecipa:

“Começam a aparecer indicadores que mostram que o abaixamento da inflação veio mesmo para ficar. E se é assim nós devemos ter esperança e confiança que as taxas de referência do BCE venham a baixar. Não sei se em setembro, mas diria que é uma possibilidade forte.”

Para setembro, o economista antevê que ao BCE baixe as taxas de juro “em mais 0,25” pontos percentuais, cujo efeito “será sentido particularmente nas taxas Euribor de mais curto-prazo”.

João Duque lembra que a maior parte dos contratos de crédito à habitação estão indexados a taxas Euribor a 6 ou 12 meses. “Os movimentos, nessas maturidades, têm sido diferentes. As descidas profundas que tem havido na Euribor tem sido nos curtos prazos. Uma semana, um mês.”

Com as alterações de terça-feira, a Euribor a três meses baixou para 3,631%, mas, ainda assim, manteve-se acima da taxa a seis meses (3,585%) e da taxa a 12 meses (3,406%).

Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a maio apontam a Euribor a seis meses como a mais utilizada, representando 37,5% do ‘stock’ de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável.

Os mesmos dados indicam que a Euribor a 12 e a três meses representava 33,8% e 25,2%, respetivamente.

Um trimestre de recuperação

E o mercado? As descidas sucessivas da Euribor já estão a ter impacto nas vendas?

À Renascença, Paulo Caiado, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, sublinha que “os fluxos de procura não se alteram num ápice” e que as notícias “não têm um reflexo imediato”.

“O tão falado aumento abrupto, principalmente no ano passado, das taxas de juro, teve impacto principalmente para quem já tem casa, não em quem não tem. Quem não tem casa nenhuma, aquilo que pode condicionar é a sua decisão de: ‘Será que é agora que vou ou não comprar casa?’ Temos de ter noção disso”, explica.

Em todo o caso, o presidente da APEMIP nota que no segundo trimestre de 2024 houve “um aumento do número de transações”. E que a descida da Euribor terá sido um dos fatores.

“O facto de estarmos a assistir a uma redução das taxas de juro traduz-se em as pessoas sentirem-se mais confiantes em poderem iniciar processos de aquisição. Portanto, estamos a assistir no segundo trimestre do ano a algum incremente no número de transações imobiliárias.”

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