A entrada de um novo acionista no EuroBic deverá levar ao desaparecimento da marca. É já conhecido o interesse de vários bancos espanhóis e chineses na instituição depois de Isabel dos Santos ter anunciado que iria vender os 42,5% que detém no EuroBic, na sequência do Luanda Leaks. E fontes próximas do processo confirmam que quem vier quererá empurrar para longe os detritos levantados pelo caso que levou à acusação em Angola da acionista maioritária da instituição.
Internamente admite-se, portanto, que é mais provável que o novo acionista queira deter o controlo e passar a usar uma marca que não seja imediatamente colada a Isabel dos Santos. “É natural que se um banco entrar no EuroBic quererá ter o controlo e mudar a marca”, confirmou uma fonte ao D01inheiro Vivo. Tese que ganha força com a informação de que o próprio Fernando Teles, que detém a segunda fatia mais gorda do banco (37,5%), estará também disponível para sair, deixando caminho livre a novos acionistas.
Entre os bancos apontados como interessados está o espanhol Abanca – fonte oficial da instituição escusou-se a comentar o tema, mas é sabido que uma delegação chefiada pelo presidente da instituição esteve na semana passada em Lisboa para se reunir com Fernando Teixeira dos Santos.
Seja como for, a venda ainda deverá demorar uns meses – o que se prevê que prolongue o mandato do antigo ministro das Finanças à frente do EuroBic. “O mandato do presidente acabou no final do ano, mas por razão de estabilidade e pelo compromisso que assumiu, é natural que se mantenha na liderança até esta questão estar encerrada”, explicou ao Dinheiro Vivo fonte próxima do processo. Que acredita que, ao contrário do que tem sido alimentado em alguns centros financeiros, onde já se antecipava que fosse um forte candidato a liderar o regulador – e apesar de o Banco de Portugal ter sido explícito no seu apoio ao banqueiro ex-governante, reforçando a confiança na sua idoneidade -, este será o último cargo executivo de Teixeira dos Santos.
Na sede do banco, agora, a preocupação é que o EuroBic não perca valor nem enfrente uma fuga de depósitos antes da venda. Porém, conforme o presidente explicou nesta semana, “nada disto é bom para o negócio, mas o banco está sólido”, acima dos rácios exigidos e a multiplicar lucros de ano para ano. Em 2018 (último ano completo), foram 42,5 milhões de euros que o tornavam o líder entre os pequenos bancos – resultado que já estava a igualar no verão do ano passado, fazendo prever novo passo de gigante.
Além da liquidez disponível, os negócios entre o banco e a ainda acionista e empresária angolana, a que o banco comunicou ir pôr um ponto final parágrafo, também não são fator de preocupação, sublinham fontes conhecedoras do mercado. O que ainda possa existir de negócios do EuroBic com os seus acionistas não excederá 0,5% do capital do banco.
Efacec analisa propostas
Também em processo de alienação está a Efacec, que Isabel dos Santos recuperou de uma falência anunciada, há cinco anos, à boleia da apregoada eletrificação da economia portuguesa. Depois de a empresária ter emitido um comunicado anunciando a sua intenção de sair, a empresa confirmou ontem que já tem candidatos à aquisição.
“No seguimento das diligências em curso para a reconfiguração da estrutura acionista do grupo, a Efacec confirma que recebeu manifestações de interesse por parte de investidores estratégicos e financeiros, quer nacionais quer internacionais”, disse a Efacec ao Dinheiro Vivo. Fonte oficial mantém, porém, “a reserva na identificação das mesmas dado que o processo negocial está em curso”.
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