//Europa investe 77,5 mil milhões de dólares em startups

Europa investe 77,5 mil milhões de dólares em startups

Para perceber o mundo das startups nada como olhar para os investimentos que estão a ser feitos nas suas fases iniciais. A KPMG rastreia os movimentos e publica-os no Venture Pulse – Global Analysis of Venture Funding. Os últimos dados, referentes ao terceiro trimestre deste ano, mostram um crescimento face ao anterior de 166 mil milhões de dólares, investidos em 9270 negócios, para um recorde de 171 700 milhões de dólares de investimento global.

Nos Estados Unidos, por exemplo, refere Anna Scally, partner, head of Technology & Media, Fintech Lead, na KPMG na Irlanda, os valores bateram todos os recordes, com números a crescer em cada trimestre. Quanto à Europa, acrescenta, o investimento mantém-se muito forte, com 77,5 mil milhões concretizados em 910 empresas.

É certo que o investimento está espalhado pelos diversos setores da economia, mas têm ganho vigor nas empresas que atuam em projetos green tech ou na área da sustentabilidade. E os valores, na opinião de Anna Scally deverão aumentar à medida que os investidores despertam para estes temas, como para a chamada clean tech.

Mas há outras áreas que estão a despontar. Pelo menos com maior força. À medida que muitas empresas se viram obrigadas, devido à pandemia, a acelerar a digitalização dos negócios, despertaram para a importância de temas como a cibersegurança. Por isso é de esperar que haja mais investimento aqui. O que não significa que as áreas mais tradicionais, como fintech, pagamentos, etc., deixem de ser procuradas. Pelo contrário. E isso viu-se bem na Web Summit, refere a executiva da KPMG, que acrescenta que não podemos esquecer que, em grande medida devida à pandemia, houve (e vai continuar a haver) grandes investimentos na saúde e na biotech.

E que impacto tem a Web Summit no ecossistema das startups? Para Anna Scally este é inegável, ao dar-lhes visibilidade e uma plataforma onde contactam com muitos investidores e clientes. “Isso tem-se visto nalgumas empresas que começam pequenas e ao longo das edições vemos crescer.”

Anna Scally aponta que a presença na Web Summit significa a possibilidade de se encontrarem com investidores a que, de outra forma, não chegariam. Sem esquecer o networking associado que ajuda a aprender com outros.

Como tudo começou

Anna é provavelmente, tirando Paddy Cosgrave, cofundador e CEO, a pessoa com o maior nível de envolvimento com a Web Summit. Foi com ela que Paddy conversou, em 2009, sobre a ideia que tinha de organizar uma conferência – então na Irlanda – que atraísse pessoas de todo o mundo e onde fosse possível que os empreendedores apresentassem as suas ideias e obtivessem investimento.
“Na altura eu trabalhava em inovação e ele queria saber se eu achava que era boa ideia”, lembra a executiva da KPMG, que de início estava algo cética sobre se ele conseguiria levar o evento adiante. Se conseguiu, foi em grande medida porque “tinha uma visão coerente do que queria construir”, lembra Scally. E foi assim que a KPMG “entrou” na Web Summit, em termos financeiros como de expertise.