O ex-diretor de empresas Sul da Caixa Geral de Depósitos (CGD) Alexandre Santos disse hoje que não tem memória de um caso como Vale do Lobo, em que os administradores apresentaram “dossiers já preparados”.
Durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão da CGD, na Assembleia da República, em Lisboa, Alexandre Santos disse que não era habitual receber dossiers preparados por administradores.
O ex-diretor esclareceu que havia reuniões entre administradores e clientes, em que posteriormente lhe diziam para contactar os clientes, mas que “com dossiers já preparados” não tinha “memória de outro caso”.
Questionado no parlamento pela deputada do CDS-PP Cecília Meireles sobre um ‘e-mail’ enviado por Armando Vara para avaliação do projeto de Vale do Lobo, Alexandre Santos confirmou o recebimento.
“Como é público recebi um ‘email’ do administrador do pelouro à data [Armando Vara] para estudar o dossier, remeti o dossier para estudo da área comercial onde estava o financiamento”, disse.
Alexandre Santos disse ainda que “percentualmente, face aos pedidos de financiamento, financiamentos que entram por via dos senhores administradores são ínfimos, comparando com o que é normal, que é serem pela via local, do cliente”.
A deputada centrista perguntou também se era habitual receber “muitos mais ‘e-mails’ de administradores com reencaminhamentos de pedidos”, e Alexandre Santos respondeu que “não”.
Alexandre Santos esclareceu que em 2006 tinha sido “o único” pedido desta natureza, tal como em 2007.
O ex-diretor revelou ainda que as propostas de crédito e os pareceres da direção de risco daquele projeto “estavam a decorrer ao mesmo tempo”, por se tratar “de uma operação que tinha na altura sido indicada para ter alguma urgência”.
Alexandre Santos disse também que a avaliação feita ao ‘resort’ de Vale do Lobo foi realizada pela Caixa Geral de Depósitos, e que não teve “conhecimento” de avaliações das consultoras KPMG e Deloitte.
Na audição de Armando Vara na anterior comissão parlamentar de inquérito à CGD, em 22 de março de 2017, o ex-ministro, que está preso em Évora por tráfico de influências, tinha dito que a Caixa tinha “avaliações da KPMG que avaliavam os ativos daquele ‘resort’ do projeto em mais de 400 milhões de euros”, bem como pareceres da Deloitte “que certificavam essas avaliações de outras consultoras”.
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