//Ex-ministro alerta para perigo de o país se “esquecer das exportações”

Ex-ministro alerta para perigo de o país se “esquecer das exportações”

Numa época em que o consumo interno, em Portugal, tem vindo a aumentar cada vez mais, há quem tema que o país não aposte nas exportações. O alerta foi feito, esta sexta-feira, por Daniel Bessa, ex-ministro da Economia, que participou no III Encontro Fora da Caixa, promovido pela Caixa Geral de Depósitos, que decorreu na Fundação Dr.Cupertino de Miranda, no Porto.

“Os anos da troika foram fantásticos. Causaram estragos enormes, mas produziram uma mudança fantástica na economia portuguesa, que se salvou porque se virou para o mercado externo. Agora, estamos demasiado satisfeitos com o crescimento da economia, mas regredimos. Estamos a crescer excessivamente no consumo interno”, sublinhou Daniel Bessa. Para o ex-ministro socialista, “pela primeira vez, desde 2012, estamos a consumir, a puxar pelas importações e a esquecermo-nos das exportações”. “Foi assim que começou, nos anos 90, aos pouquinhos”, acrescentou.

Para o economista, que garante ter passado “horas a anunciar a crise, 15 anos antes de ela acontecer”, Portugal tem que “viver das exportações de forma privilegiada”, mas não está a apontar nesse caminho. “Eu quero que o consumo interno cresça, mas não quero fazer a economia crescer fechada no consumo interno, porque isso vai afundá-la”, deixou claro.

Caixa nota abrandamento

Paulo Macedo, presidente da Caixa Geral de Depósitos, encerrou o encontro, analisando os dados de que o banco dispõe para adiantar que, atualmente, a Caixa “não nota nenhum caráter recessivo, nem nos pedidos de crédito nem nas transações”. “O que se nota é um abrandamento, que são coisas diferentes. Aquilo com que devemos ter mais cuidado é não voltarmos a ter um défice nas contas externas. Quando há uma conta externa negativa, estamos a transferir riqueza para o exterior. Outra coisa é quando nós criamos riqueza e a mantemos cá, saber como é que a distribuímos. São as questões mais delicadas que vejo, em termos macro económicos”, avançou Paulo Macedo.

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