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Apesar do forte impacto da pandemia nas trocas comerciais, Portugal conseguiu segurar o excedente externo que tem mantido desde 2012, em pleno período da intervenção da troika, indicam os dados da balança de pagamentos divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal.
“Em 2020, o saldo conjunto da balança corrente e de capital situou-se em 256 milhões de euros, o que compara com o excedente de 2591 milhões de euros registado em 2019”, refere a nota do banco central nacional.
O superávite conseguido é o mais baixo desde 2012, quando Portugal passou a ter um excedente na balança corrente e de capital que inclui além dos bens e serviços a balança de rendimentos (primário e secundário) e de capital.
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A explicar a evolução desta componente da balança de pagamentos estão os fundos europeus e a participação de Portugal no orçamento comunitário. “Em 2020, o défice da balança de rendimento primário reduziu-se 2095 milhões de euros relativamente ao período homólogo, para 3034 milhões de euros. A diminuição do défice foi, em grande medida, justificada pela redução do pagamento de rendimentos de investimento a entidades não residentes”, refere o Banco de Portugal (BdP).
“O excedente da balança de rendimento secundário (remessas de emigrantes) decresceu 152 milhões de euros, devido sobretudo à evolução das transferências correntes, nomeadamente pelo aumento da contribuição para o orçamento da União Europeia”, acrescenta o supervisor, indicando que “o saldo da balança de capital cresceu 862 milhões de euros face ao mesmo período do ano anterior, em resultado, principalmente, de um aumento dos recebimentos de fundos comunitários.”
Défice comercial regressa
Ao fim de oito anos consecutivos de excedentes, o défice da balança da balança comercial (exportações e importações de bens e serviços) está de volta. A queda foi violenta face ao ano passado, passando de um excedente de 1,5 mil milhões de euros, para um défice de 3,5 mil milhões de euros.
“Em 2020, as exportações de bens e serviços decresceram 20,4% (10,0% nos bens e 37,2% nos serviços) e as importações diminuíram 15,1% (13,3% nos bens e 22,6% nos serviços)”, indica o BdP.
Ao longo do ano passado, “o défice da balança de bens diminuiu 4100 milhões de euros face ao período homólogo, fixando-se em 12 186 milhões de euros. Contudo, o excedente da balança de serviços reduziu-se em 9242 milhões de euros, para 8603 milhões de euros. Esta redução foi maioritariamente justificada pelo decréscimo acentuado do saldo da rubrica viagens e turismo, de 8150 milhões de euros”, sublinha o banco central nacional.
O excedente da balança comercial tinha sido uma das grandes conquistas do período da troika elogiado pelas instituições internacionais, mas sobretudo impulsionado pelo turismo.
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