//Fábrica de pellets dinamiza Guarda com investimento de 20 milhões

Fábrica de pellets dinamiza Guarda com investimento de 20 milhões

Em plena transformação energética, metade da produção de renováveis em Portugal é assegurada por biomassa, com uma produção anual que ascende a perto de 3 mil ktep (o correspondente a 103 toneladas equivalentes de petróleo). E todos os anos 22 milhões de toneladas de pellets são consumidos a nível europeu. Com a pressão da procura e a oferta existente a não dar resposta à altura, não será de espantar que, ainda antes de nascer, uma unidade industrial que só deve começar a laboral em abril arranque já com toda a produção vendida à partida. “E por vários anos”, confirma ao Dinheiro Vivo o CFO do atGreen, dono da fábrica de produção de pellets de biomassa lenhosa que está agora a viver a fase final de montagens para ligar os motores na primavera.

À saída de uma pandemia que deixou de rastos ou congelada grande parte do tecido económico português, a Khronodefine surge como um sinal de recuperação, mas também como uma luz de esperança. Fruto de um investimento de 20 milhões de euros, a instalação da fábrica no interior dá também um importante impulso à economia local, contra a desertificação crescente dessa faixa de Portugal. Numa área de negócio que as organizações internacionais veem a crescer para um volume global de 10 mil milhões de euros neste ano, quase duplicando o valor para 17 mil milhões antes ainda de terminar a década. E com a Europa a liderar esse movimento, assegurando 60,7% de quota de mercado até 2029, prevê o Future Market Insights.

“A nossa ideia de entrar neste projeto já vinha de há vários anos, mas com a catástrofe dos incêndios em Portugal decidimos dar início, em 2016, ao planeamento da estratégia para o setor”, conta ao Dinheiro Vivo o CFO do grupo atGreen, Carlos Couto. “Estamos agora a finalizar a unidade da Guarda, cuja produção se encontra toda vendida, por vários anos”, revela ainda o administrador financeiro da empresa.

Situada no Parque Industrial Casal de Cinza, a três quilómetros da cidade e servida pelas autoestradas A23 e A25 – fazendo esta a ligação ao porto marítimo de Aveiro, o que potencia a capacidade exportadora da unidade industrial -, a fábrica de pellets terá uma capacidade total instalada de 300 mil toneladas/ano.

O financiamento foi garantido pelo Novo Banco, cujo presidente, António Ramalho, no último ano percorreu Portugal de norte a sul e do litoral ao interior para ouvir as necessidades das empresas; e que agora põe as mãos na (bio)massa para ajudar a fazer nascer um projeto industrial que representará a criação de 50 postos de trabalho diretos e mais cerca de 200 indiretos na indústria florestal e nos vários setores transversais à atividade da empresa. Foi essa razão que levou, nesta quinta-feira, o CEO do banco ao terreno, antecipando o arranque da Khronodefine, cuja laboração está prevista a arrancar daqui a cerca de mês e meio.

“Com a necessidade de redução de emissões e a descarbonização da indústria, o recurso ao consumo de biomassa florestal sofreu um aumento exponencial, com as indústrias de produção de energia a reconverter-se e muitas a começar a fazer coincineração (umas de estilha de madeira e outras de pellets)”, elenca Calos Couto, justificando a oportunidade de negócio.