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A Facebook diz que caberá aos membros do Congresso norte-americano regular a atividade da empresa, atualizando a legislação para a Internet, na reação à audição, nesta terça-feira, da denunciante Frances Haugen, que no seu testemunho acusou a rede social de privilegiar conteúdo viral e reactivo em detrimento do bem-estar dos utilizadores.
Haugen relatou hoje ao Senado norte-americano uma série de decisões internas, entre as quais a de manter algoritmos que privilegiam conteúdos de alta reatividade mesmo em países considerados em risco, ou a de não divulgar resultados de investigações internas que concluíram haver efeitos negativos do uso da rede Instagram para adolescentes, levando a perturbações alimentares e dismorfia corporal. Mas, também, a omissão junto dos investidores da perda de utilizadores mais jovens da rede Facebook, com forte impacto esperado para atividade da empresa no curto prazo.
Na reação à audição, Lena Pietsch, porta-voz da empresa, pôs em causa a proximidade de Haugen às matérias reportadas, apesar dos documentos internos cujo conteúdo a denunciante tem vindo a divulgar e que foram também relatados ao Senado norte-americano.
“Hoje, uma subcomissão de Comércio do Senado realizou uma audição com uma antiga gestora de produto na Facebook, que trabalhou para a empresa por menos de dois anos, não reportava diretamente, nunca participou em reuniões de decisão com executivos de nível C – e que testemunhou por mais de seis vezes não trabalhar sobre o assunto em questão”, refere a empresa.
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“Não concordamos com a caracterização que (Haugen) fez das muitas questões sobre as quais testemunhou. Apesar de tudo isso, concordamos numa coisa. É tempo de criar regras padrão para a Internet. Passaram 25 anos desde que a regulamentação para a Internet foi atualizada, e ao invés de esperar que uma indústria tome decisões societais que cabem a quem legisla, é tempo de o Congresso agir”, refere a mensagem da porta-voz, citada no The New York Times.
Na audição, senadores do Partido Democrata e do Partido Republicano mostraram-se determinados em agir face às revelações, recordando alguns projetos legislativos antigos para maior controlo das redes sociais.
Entre as propostas deixadas por Haugen estão a de barrar o acesso a jovens e crianças com idades inferiores a 13 anos às redes sociais, e também a de rever a legislação sobre comunicações para que as empresas possam ser responsabilizadas pelo uso dos algoritmos que criam, relata o Financial Times.
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