//Falência de companhias aéreas. Associação de agências de viagens quer fundo de proteção para os clientes

Falência de companhias aéreas. Associação de agências de viagens quer fundo de proteção para os clientes

O presidente da APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, Pedro Costa Ferreira, defendeu na tarde desta quinta-feira a criação de um fundo de proteção dos viajantes para fazer face à falência das companhias aéreas.

Na abertura do 45.º Congresso da Associação, que decorre entre esta quinta-feira e sábado no Funchal, Pedro Costa Ferreira dirigiu-se diretamente à secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, frisando que a segurança do mercado exige que este assunto veja a luz do dia ainda esta legislatura.

Só nos últimos dois anos faliram 36 companhias aéreas e Pedro Costa Ferreira referiu não crer que esta “série negra” vá parar: “O sector das viagens continua absolutamente virado de pernas para o ar no que à gestão da segurança dos consumidores se refere”.

O líder da APAVT desafiou ainda a tutela a gerir a pressão turística, “em nome da qualidade do turismo e do bem-estar das populações”, mas sem medidas avulsas contra os operadores turísticos, que “não resolverão o problema”.

E, abordando a questão dos “Meeting Incentives”, incentivos para a realização de eventos, reforçou que, ano após ano a “desigualdade fiscal” persiste em relação ao mais direto competidor, Espanha. “Se assim continuar, um mesmo evento em Badajoz fica 23% mais barato do que em Elvas”, exemplificou.

TAP alvo de críticas

Uma parte significativa do discurso de Pedro Costa Ferreira foi dedicado à TAP, para criticar o novo modelo de distribuição da companhia aérea, a aplicar em 2020: “Não podemos abrir mão da necessidade de se assegurar a igualdade de acesso a todas as agências de viagens e a necessidade absoluta de não se desenvolverem ações que possam ser interpretadas como a intenção de limitar e/ou controlar o mercado ou mesmo abuso de proteção dominante, em prejuízo dos consumidores”.

O presidente da associação mostrou-se disponível e convicto de que é possível melhorar o diálogo entre as partes, mas deixou um aviso aos diversos representantes da TAP presentes: “Não poderemos prescindir de nenhuma das nossas capacidades de intervenção, se um fundamento basilar do funcionamento do mercado estiver em causa”.

Além disso, para Pedro Costa Ferreira, a companhia aérea portuguesa só pode recuperar receita por passageiro se vencer o desafio do diálogo com as agências, “universo onde viaja a parte da frente do avião e onde é possível ter os rácios de receita por passageiro que não têm sido alcançados”.

Turismo tem vivido tempos extraordinários, mas não deve adormecer

Os números de agosto mostram que o turismo continua a crescer. Mais 7% de turistas do que no mesmo mês do ano passado, 18 milhões de visitantes. Os três grandes mercados crescem a dois dígitos (EUA, Espanha e Brasil) mas a secretária de estado do Turismo, Rita Marques, diz que não é tempo para dormir à sombra da bananeira.

“Não podemos ficar satisfeitos porque nem todas a regiões crescem da mesma maneira, e na Madeira até se assiste a uma quebra”, frisou.

Para os próximos quatro anos de legislatura, o Governo tem entre as suas prioridades a melhoria das infraestruturas aeroportuárias e turísticas, incentivando os operadores a diversificar mercados e a trazer mais turistas, que fiquem mais tempo em Portugal. Rita Marques reconheceu que outro ponto importante é o alívio fiscal das empresas e, sobretudo, a aposta na capacitação dos recursos humanos.

“Temos que atrair jovens para estas profissões, capacitar os atuais trabalhadores através da inovação, apostar em novos modelos de negócio”, referiu a responsável pela tutela do Turismo.

Miguel Albuquerque quer aposta da Madeira no turismo interno

A Madeira é a única região de turismo em contraciclo no crescimento do peso económico do turismo. A falências de diversas companhias aéreas e do operador turístico Thomas Cook ainda penalizaram mais a região. Por isso, o presidente do governo regional, Miguel Albuquerque, defendeu uma melhoria da acessibilidade para o turismo interno, “já que muitos portugueses não conhecem a Madeira”.

Ainda assim, considera que é preciso dinamizar a estratégica turística em relação ao produto, direcionando-o para novas tendências, como a preservação do ambiente e património, e as novas gerações. “Com monitorização, para evitar as cargas excessivas”, salvaguardou.

Miguel Albuquerque sublinhou que a Madeira vai em 74 meses de crescimento económico, o que resulta do investimento dos empresários na ilha. E serão eles a ser compensados a partir do próximo ano, com o IRC a descer de 13% para 12% – uma taxa igual à da Irlanda -, o que é “essencial para manter a confiança e incentivar novos negócios que também têm impacto na coesão social, porque originam novos postos de trabalho”.

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