//“Falta de ideias para desenvolver o país mostra que a melhor é a de reduzir a dívida pública”

“Falta de ideias para desenvolver o país mostra que a melhor é a de reduzir a dívida pública”

Por isso, é esperado que aconteça um aumento do desemprego no próximo ano em Portugal.

Os últimos anos têm sido marcados por machadadas no processo de globalização. A guerra na Ucrânia é o golpe fatal neste processo?

É um golpe. A globalização dos últimos 30 anos foi na base o incorporar na economia mundial da China e dos países de Leste, ou seja, os países do antigo bloco soviético. Esses são os grandes contribuintes para o aumento do comércio internacional.

Se isso mudar agora, ou uma parte significativa mudar, por exemplo a Rússia ou a China, isso levará a uma redução do comércio internacional, que poderá traduzir-se numa numa questão da globalização.

Ao mesmo tempo, este discurso de resiliência que temos ouvido falar da economia, sobre ter produção energética doméstica, produção de bens de vacinas, produção de bens essenciais à saúde, isso é tudo antiglobalização.

Ou seja, passamos de um mundo de custos baixos, mas com muitas trocas comerciais, com muita interdependência, para um mundo em que os países são mais independentes ou mais resilientes. Isso é um mundo com muito menos globalização.

Ao mesmo tempo, isto gera um desafio aos países que querem estar mais ligados, ligarem-se ainda mais, porque isso pode contrabalançar um bocadinho os efeitos negativos da guerra e da pandemia.

Há uma oportunidade de resolver a guerra comercial entre os EUA e a UE, de voltar a um mundo em que ao menos os países que são aliados em termos geoestratégicos e militares voltem a ser aliados em termos de comércio internacional.

Há várias dimensões em que se pode aprofundar a globalização que não se têm feito, não só em comércio de bens, pode-se reduzir as taxas alfandegárias em diferentes produtos, mas principalmente comércio e serviços, que é uma parte muito grande das economias desenvolvidas que não está sujeita ao comércio internacional, não está sujeita à competição, nem mesmo dentro da zona euro.

Há diferentes barreiras que fazem com que seja difícil. Por isso eu penso que há uma oportunidade para aprofundar ainda mais ligações comerciais. Se acontecer o pior cenário, o de haver um mundo bipolar, acho que vamos ter uma redução de comércio com o outro polo, mas poderá haver aprofundamento de relações comerciais no chamado Oeste.

Em relação à China, depois da draconiana política Covid zero, há agora uma reabertura abrupta da sociedade. O que acha que estes movimentos poderão trazer para a economia global?

Se se confirmar a abertura económica são boas notícias, porque nós tínhamos fábricas fechadas, tínhamos a falta de atividade económica. Isso vai ser tudo resolvido, o que permitirá fornecer bens ao resto do mundo e aumentará a procura por parte da China de bens produzidos no resto do mundo.

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