Partilhareste artigo
A maioria das cerca de 70 empreitadas em curso no Município de Aveiro estão a sofrer atrasos com demoras, sendo a emblemática Avenida Lourenço Peixinho a que mais transtorno causa ao quotidiano da cidade.
O problema é reconhecido pelo presidente da Câmara, Ribau Esteves, que diz que o motivo está na dificuldade de as empresas recrutarem mão-de-obra, mas também nos efeitos da pandemia que veio dificultar o abastecimento de materiais de construção.
Ribau Esteves, que é simultaneamente vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), diz que os atrasos nas obras é um problema que outros municípios também estão a viver e deixa um apelo ao futuro governo para mudar a legislação.
O autarca salienta que “na Lei da Revisão de Preços e na revisão do Código da Contratação Pública, a escassez de mão-de-obra e o comprovado crescimento dos preços, ou a quebra nas cadeias de fornecimento dos materiais, não são motivos atendíveis para serem usados como prorrogação de prazo”.
Subscrever newsletter
“Pedimos ao governo para que estas matérias sejam devidamente tratadas na Lei porque o Mundo mudou”, declara, comentando que o desfasamento com as circunstâncias atuais coloca os autarcas numa situação delicada.
Ribau Esteves diz mesmo que as alterações feitas pelo parlamento resultaram “num molho de brócolos, agravando a burocracia sem nenhum ganho de transparência e rigor, quando o país vai ter pela frente avultados fundos financeiros para concretizar”.
O cenário com que Aveiro se depara é o de várias obras em que os empreiteiros vão fazendo circular os trabalhadores que conseguem recrutar a custo, com evidentes demoras em relação aos prazos inicialmente previstos.
Há mesmo concursos desertos, apesar de repetidos com condições mais atrativas, como a qualificação da Escola dos Areais, em Santa Joana, que começou nos dois milhões de euros e vai para o terceiro concurso por 3,4 milhões de euros, a ver se aparecem interessados.
“Quando cheguei à Câmara há oito anos tínhamos 20 empreiteiros candidatos a cada obra, enquanto agora temos dois e às vezes zero”, descreve.
A falta de mão-de-obra na construção civil começou a sentir-se no final de 2018 e a alternativa encontrada pelas empresas, o recurso a trabalhadores estrangeiros, deixou de ser viável porque a pandemia veio alterar os fluxos de mão-de-obra e limitar os voos.
Outro efeito foi a quebra dos circuitos de distribuição e o aumento do custo dos materiais de construção, nomeadamente do ferro, das madeiras e mesmo do pladur, difícil de acomodar na rigidez das regras concursais.
Apesar de tudo, diz Ribau Esteves, Aveiro não é dos casos piores: “pagamos bem, as empresas gostam de trabalhar aqui e temos empresas do setor que aqui têm a sua sede pelo que, comparativamente com outros, não estamos assim tão mal”.
Deixe um comentário